Aos cinco anos o filho de Solange Santana recebeu o diagnóstico da Síndrome de Asperger. Comumente confundida com o autismo, a patologia se refere a alterações de personalidade, temperamento e mudanças no comportamento. Mas, por ser semelhante a hiperatividade e ao autismo, dificilmente um paciente recebe o diagnóstico preciso. Foi o que aconteceu na casa de Solange. O filho dela, Gabriel Santana, começou a frequentar um psicólogo infantil aos 4 anos. Mas só foi no ano seguinte que a família recebeu o resultado da síndrome.
A mãe de 37 anos, procurou ajuda de um profissional quando começou a perceber alterações no comportamento do filho na escola. Mas, antes mesmo de a criança receber o diagnóstico, enfrentou o preconceito no colégio. “Disseram que não poderiam mantê-lo na turma por que os professores não conseguiriam avançar no conteúdo em razão dele estar na frente as demais”, conta Solange.
Aos 4 anos Gabriel já estava completamente alfabetizado. Por causa das discriminações que sofria na escola, a mãe decidiu interromper os estudos do filho. Com a orientação do psicólogo, Gabriel só vai voltar ao colégio em 2018 quando estará com 6 anos. “Ele dizia que a escola era chata e também era inquieto, o que já irritava a professora que não tinha paciência quando ele queria levantar, por exemplo”, explica.
Apesar de tudo, Solange conta que a família reagiu positivamente ao diagnóstico, já que, na observação da mãe, o que antes os pais consideravam inquietação são sintomas da Síndrome de Asperger. “Agora entendemos que a gastura que ele tem em pegar objetos com texturas diferentes ou não gostar de som alto é uma característica da síndrome”, esclarece.
A neuropsicóloga Synara Ferreira explica que é importante os pais passarem por um treinamento especializado para que possam contornar certas dificuldades. “É importante que pais de crianças com Asperger passem por Treinamentos de Pais (TP) para adquirirem estratégias de como lidar com o filho, a fim de encontrarem maneiras eficazes de gerenciar os comportamentos disruptivos, caso estejam presentes, bem como estimular habilidades necessárias ao desenvolvimento da criança”, ressalta.
A especialista ainda afirma que os pacientes com a síndrome não têm dificuldade em interagir socialmente, mas enfrentam desafios com a comunicação verbal. “Além dessas características, pessoas com a Síndrome de Asperger têm interesses restritos com alguma atividade”, esclarece. Segundo Synara, os portadores dessa síndrome podem apresentar comprometimento na gesticulação, na utilização e interpretação de expressões faciais e no estabelecimento de contato visual ao falar com uma pessoa. “Por isso, expressam uma linguagem corporal particular”, acrescenta.
A diretora da Associação da Síndrome de Asperger, Maria Líbano Monteiro, afirma que não existe nenhum medicamento que trata a doença, mas que a patologia é estudada de forma que os pacientes passem a driblar as dificuldades enfrentadas. “Existe um acompanhamento psicológico muito centrado no treino das competências funcionais e sociais destas pessoas. É necessária uma adaptação da realidade deles com a nossa e vice-versa.”, relata.
Para saber mais
A Associação da Síndrome de Asperger surgiu em 2006 a partir da união de diversos pais que enfrentam a doença presente nos filhos. Não existe nenhuma representação da Associação no Brasil, mas o apoio é constante ao país.
Por: Paula Beatriz e Ana Paula Teixeira
Arte: Paula Beatriz
Sob supervisão da professora Isa Stacciarini
