Entenda sintomas da depressão e como prevenir transtornos mentais

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A depressão, como doença, tem relação com falta de prazer em tudo na vida. “Um fator importante a se observar é que nem sempre as pessoas que estão deprimidas vão apresentar ou manifestar tristeza, mas, sim, a falta de prazer, de interesse e de proatividade também”, afirma a médica Letícia Toledo, que atua na área da Saúde da Família e Comunidades.

Inquietação

A crise da Covid-19 contribuiu para o agravamento dos desafios de saúde mental no Brasil. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, cerca de um terço da população brasileira enfrenta transtornos mentais.

Simultaneamente, um estudo conduzido pelo Instituto Ipsos aponta que a saúde mental preocupa 52% dos entrevistados, sendo a principal inquietação relacionada à saúde.

Foto: Creative Commons

Cuidar da saúde

A explica que a saúde mental é algo amplo. “Primeiro, é importante lembrar que saúde em geral não é ausência de doença. Ela tem a ver com o estado de bem-estar no qual o indivíduo está inserido”, fala.

Entre os transtornos que afetam a sanidade, existem as doenças mais comuns e presentes no nosso dia a dia, como, por exemplo, depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

Sofrimento

Mas é importante ressaltar que não se deve limitar cada transtorno que o indivíduo sofre, pois cada classificação serve como uma forma de norte para um tratamento mais adequado no estágio da doença.

Fatores de causas são diversos. De acordo com a profissional, alguns transtornos estão ligados a questões socioeconômicas, culturais e violência interpessoal.

“O último exemplo é uma questão mais ampla e que inclui a miséria e a negligência do Estado. E entre esse guarda-chuva de violência, também entra o machismo, o racismo e a LGBTQIA+Fobia. Hoje não tem como descartar esses assuntos porque eles geram problemas na saúde mental. É muito difícil pensar em bem-estar de maneira geral sem pensar nessas questões”, explica a médica.

Ainda de acordo com a especialista, para descobrir alguma doença é importante se atentar a alguns sintomas que se manifestam.

Sintomas e classificações

ELa É comum também a pessoa apresentar problemas com a autoestima. “E os sintomas podem ser desses mais leves aos mais intensos, que incluem falta de esperança, de perspectiva do futuro e, em alguns casos, o desejo de suicídio”, relata.

É importante saber diferenciar a doença da tristeza. A melhor forma de fazer isso é observar a duração em que o indivíduo se encontra melancólico.

Ansiedade: está principalmente ligada com inquietação e angústia sobre coisas que estão para acontecer. Normalmente, as pessoas vão ter preocupações ou medos exagerados de que aconteça situações desagradáveis. Também é normal apresentar dificuldade ao dormir.

“No caso da ansiedade existem sintomas mais intensos. Normalmente isso pode se manifestar com falta de ar, aperto no peito, ou mesmo transtorno de pânico. A pessoa é invadida por uma sensação de angústia muito forte, uma crise intensa e normalmente é motivada por algum gatilho”, diz Letícia.

Esquizofrenia: para esse transtorno, existem diversas formas de manifestação, mas a principal é a perda de contato com a realidade. As pessoas podem ter alucinações auditivas, delírios, redução da cognição, sensação de perseguição, entre outros.

Transtorno bipolar: a pessoa passa por períodos de depressão e por outros períodos com humor exaltado. “Não é exatamente estar muito feliz; ela pode estar até irritada, mas normalmente com uma agitação grande, pensamento acelerado, dificuldade para dormir, exagero nos gastos e pode ter atitudes inadequadas no meio de outras pessoas”, explica.

Transtorno de déficit de atenção e Hiperatividade: inclui basicamente dificuldade de atenção, hiperatividade, impulsividade.

Ao perceber alguns desses sintomas juntamente com a sensação de perda de funcionalidade em atividades básicas, do bom desempenho ou da produtividade e dos cuidados com a vida pessoal, Letícia alerta que é importante procurar ajuda profissional para um tratamento adequado.

Prevenção

A principal forma de prevenção dos transtornos é o autocuidado e autoconhecimento. A prática de exercícios físicos, psicoterapia, contato com a natureza e cuidado com a alimentação são ações importantes nesse combate.

Letícia também explica outros pontos, afirmando que a pessoa deve “entender que somos de verdade, saber qual é o nosso lugar no mundo e deixar de ser refém dos condicionamentos aprendidos durante a vida toda, seja por questões familiares, sociais ou culturais. Entender melhor os nossos medos e nossas ações ajuda a termos uma vida com mais equilíbrio”. Ela complementa que “trabalhar a comunicação não violenta, para que assim sejamos ouvidos, aprender a ouvir melhor os outros e trabalhar a nossa generosidade e compaixão são grandes aliados”.

Alimentação saudável

O ditado popular “somos o que comemos” é realmente verdade. A alimentação influencia a nossa saúde física e mental. Uma pesquisa publicada em 2015, na revista BMC Medicine, mostrou que uma dieta saudável traz nutrientes fundamentais para o cérebro, como diversos minerais, vitaminas, aminoácidos essenciais e ácidos graxos essenciais, o que ajuda no combate às consequências negativas do estresse.

Foto: CreativeCommons

Foi comprovado também que o déficit de algumas vitaminas pode ser bastante nocivo.

  • A falta de B12 (encontrada em alimentos de origem animal), por exemplo, está ligada à fadiga, letargia e, em alguns casos, à psicose.
  • Os baixos níveis de niacina (conhecida também como B3, encontrada em abundância no abacate) estão relacionados com os quadros de demência.
  • Pouco ácido fólico (presente em folhas verdes escuras, grãos, cereais integrais e cogumelos) pode predispor a malformações neurais em fetos e depressão em adultos.

A pesquisa também mostrou que pessoas que seguem dietas ricas em verduras, frutas, grãos não processados, peixes e mariscos, ou dietas pobres em carnes magras e laticínios, têm risco de depressão de 25% a 35% mais baixo.

Nutrição

De acordo com a nutricionista Francielen Félix, para manter o cérebro funcionando de forma adequada é indicado apostar em alimentos que são fonte de serotonina, o hormônio da alegria, para ajudar a afastar o mau humor, como salmão, chocolate preto, sementes de abóbora, tomate, leveduras, brócolis, leite, ovo, laranja, banana, abacate e nozes.

Já o espinafre possui vitamina B e ácido fólico — dois nutrientes atuantes no sistema nervoso e que ajudam a combater o estresse.

Leia mais sobre nutrição: como se alimentar para evitar danos da ansiedade

Os chás também podem desempenhar um papel importante nesse processo, com destaque para o chá mate, já que a erva mate conta com uma quantidade de cafeína ideal para ajudar a melhorar o humor, a memória e a concentração, sendo rico em antioxidantes que promovem um melhor fluxo sanguíneo que auxiliam a diminuir a pressão arterial.

Consequências de uma má alimentação

De acordo com a nutricionista, são várias as consequências de uma alimentação inadequada, entre elas:

  • doenças cardiovasculares e neurológicas: resultado do excesso de sal e sódio nas refeições;
  • obesidade e sobrepeso: devido ao consumo excessivo de gorduras, açúcares, carboidratos simples e proteína;
  • diabetes tipo 2: resultado do exagero em comidas doces e com muita farinha.
  • câncer: consequência do excesso de gordura no organismo produzindo hormônios em excesso que provocam danos às células;
  • anemia: decorrente da falta de ferro no organismo — que pode acontecer quando a alimentação é inadequada;
  • colesterol elevado: relacionado principalmente ao consumo excessivo de gordura animal.

“Alimentar-se de forma adequada é de extrema importância e proporciona vários benefícios para que as funções vitais do organismo funcionem como devem. O corpo humano precisa diariamente de vitaminas, nutrientes e minerais para ser “abastecido”. E esses compostos são adquiridos por meio da alimentação”.

Francielen também explica que “ter um cardápio equilibrado traz diversos benefícios para o organismo, tanto para o aspecto físico, quanto para o mental. Além de ter mais disposição e energia, um corpo bem nutrido sofrerá menos com as consequências de uma alimentação inadequada e, ainda, promoverá um bem-estar muito maior para enfrentar a rotina”, finaliza a nutricionista.

Para se alimentar melhor

A especialista fez uma lista com dicas para ajudar as pessoas:

beber a quantidade necessária de água por dia: o recomendado é de que seja, pelo menos, 2 litros diariamente;

diminuir o consumo do sal. Ele está diretamente ligado a doenças, como, por exemplo, a hipertensão. Uma alternativa de substituição são os temperos naturais, como alho, manjericão, salsinha, tomilho, alecrim, entre outros;

incluir lanches da manhã e da tarde na sua rotina. Além de aumentar o metabolismo, essa atitude faz com que você coma menos durante as refeições principais;

  • aumentar a quantidade de frutas, legumes e hortaliças no seu dia a dia;
  • diminuir o consumo excessivo de doces; praticar atividade física.

“Seguir uma vida mais equilibrada e uma alimentação mais saudável é algo que envolve a mudança de hábitos diversos, disciplina e persistência. É sempre importante ressaltar que cada organismo é diferente. Por isso, a melhor maneira de se ter uma alimentação saudável é fazer um bom acompanhamento nutricional”, finaliza.

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Por Luis Fernando Souza 

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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