DF tem diminuição de doadores frequentes de sangue

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O Distrito Federal está entre as unidades federativas que registram menos doação de sangue e medula óssea, segundo  o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). São 45.854 cadastrados, o que não é o suficiente para suprir a demanda. Os  estoques de sangue nos hemocentros continuam baixos porque apenas cerca de 1,95% da população doa regularmente. O tipo sanguíneo O negativo tem maior déficit.

O servidor público Hélio Antônio da Fonseca, 48 anos, é cadastrado para doar medula e doa sangue regularmente. Desde criança, ele tem o interesse em ajudar o próximo motivado pelo irmão mais velho. A ação voluntária vai além de salvar vidas. É a partir desse gesto que ele mantém o vínculo da família e cuida da saúde. “Permanece viva a ação do meu irmão, o orgulho que meu pai tinha dessa atitude e, ainda, funciona como alerta para que eu cuide da minha saúde”, destaca.

Atualmente Antônio realiza campanhas no local de trabalho como forma de incentivo e motiva pessoas mais próximas. “Realizamos seis ações de conscientização no meu trabalho e estamos planejando mais duas ainda para este ano. Além das campanhas, busco incentivar familiares, parentes, amigos, colegas e conhecidos”, conta.

Segundo ele, alguns quesitos poderiam ser mudados ou melhorados tanto no ato de doação de sangue como no cadastro. “O processo todo desde a identificação até a merenda após a doação demora em média uma hora. Creio que se tivermos mais pessoas envolvidas no processo, sobretudo na coleta e, ainda, mais leitos, este tempo pode baixar para algo próximo dos 40 minutos. Isso faria uma diferença muito grande para os doadores”, completa.

Ele também critica a restrição em relação a doação de sangue de homossexuais (saiba mais aqui). “Penso que a restrição feita quanto à doação de sangue dos homossexuais pode ser flexibilizada. Hoje só o fato de se declarar homossexual já impede a pessoa de doar”, questiona.

Exemplos que inspiram

Outra voluntária em salvar vidas é Nathália Borges, 26 anos. Ela doa sangue há sete anos e é cadastrada no Redome.  Na visão dela, a falta de informação gera resistência nas pessoas em se voluntariar na causa por medo de sentir dor ou ter complicações posteriores, principalmente em relação a medula. “Eu acho que todo mundo deveria doar. É preciso que as pessoas se conscientizem. É um gesto de amor e carinho. O sangue vai ser renovado depois e a doação pode salvar uma vida que está precisando”, ressalta.

Segundo Nathália, fazer o bem a outras pessoas faz bem para si próprio. E, para ela, se colocar no lugar do outro, visando as necessidades, é importante. “Ajudar o próximo e fazer o bem pode salvar vidas. E, além disso, todo mundo pode precisar um dia e as pessoas se esquecem disso. Não estamos imune a doenças e possíveis acidentes”, comenta.

Para doar sangue ou medula é preciso estar em boas condições de saúde. Pessoas que têm ou tiveram doenças infecciosas e transmitida para o sangue como o HIV, hepatite, usuário drogas ilícitas e malária são proibidos de doar permanentemente. Para doar medula é também preciso ter  boa saúde, ser isento de doenças infecciosas ou incapacitantes e não ter tido câncer ou problemas no sistema imunológico.

Compatibilidade

A hematologista do Hemocentro, Flávia Piazera, formada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que o órgão faz o cadastro de interessados para a doação de  medula com a coleta de 4 milímetros de sangue para, futuramente, caso alguém precise, o Hemocentro consegue avaliar a compatibilidade e, posteriormente, realizar a doação de medula por meio de um procedimento cirúrgico. “O paciente, ao doar medula, deve ficar em casa de repouso por uma semana para que não corra riscos”, explica. E, para o doador de sangue, é orientado não realizar atividades que exigem muito esforço físico.

Para engajar mais voluntários, Flávia acredita que deveria haver campanhas de conscientização que aumente o conhecimento das pessoas. “Na doação de sangue, nós já temos uma regulamentação brasileira que baliza o que está presente na legislação e qual é o melhor perfil de doadores. O que de fato poderia ser melhorado é o conhecimento das pessoas que só lembram de doar quando precisam”, esclarece. “Já no caso da medula, é preciso melhorar a informação. Pessoas que são cadastradas participam das campanhas mas, quando precisamos, não atualizam o cadastro”, lamenta.

Em nota o Hemocentro informou que segue o regulamentado pela Portaria nº 158 de 4 de fevereiro de 2016 do Ministério da Saúde, a qual considera inapto para doação de sangue por 12 meses “homens que tiveram relações sexuais com outros homens”.

Por Beatriz Souza

Arte Gabriela Vital

Sob supervisão de Isa Stacciarini

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