Febre amarela: vacinação no DF é, em média, quase o dobro de 2016

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Passado um mês da morte de um homem de 40 anos de idade por febre amarela no Distrito Federal (o pedreiro que morava em Minas Gerais morreu no dia 18), não houve mais nenhuma notificação da doença na rede de saúde da capital. No entanto, nos pontos de vacinação, já foram imunizadas 30 mil pessoas, quase o dobro da média do ano passado (média de 19 mil por mês). Segundo profissionais entrevistados, isso é explicado pela preocupação com o surto da doença que afetou principalmente cidades mineiras.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, os casos anteriores de febre amarela na região ocorreram em 2015, na qual dos três casos confirmados, ocorreram duas mortes. Os dados da secretaria ainda apontam que em nenhum dos casos, os pacientes contraíram a doença na capital ou em regiões administrativas. A rara incidência de casos no DF se deve ao alto índice de pessoas imunizadas, diferente da situação em Minas Gerais, de acordo com médico e professor de medicina tropical da UnB Pedro Luiz Tauil.

“A febre amarela não pode ser erradicada porque ela é uma zoonose, que é uma doença dos animais que afetam o homem. É impossível existir erradicação para esse tipo de doença, por isso precisamos manter a proteção com uma alta parte da população vacinada”, afirma Tauil.

Vacina

A principal forma de prevenção da doença é a vacina. A primeira dose deve ser tomada por crianças aos 9 meses, com reforço aos quatro anos de idade. Adultos que não tomaram quando criança devem tomar duas doses com intervalo de 10 anos entre elas.

Caso uma segunda aplicação seja tomada em menos de 30 dias, pode ocasionar problemas de superdosagem. Após três anos da primeira imunização, não há riscos para o paciente.

“Se você vai viajar para um país que exige vacina e esqueceu quando foi vacinado, ou não tem o documento, a pessoa precisa ser revacinada e não há problema nenhum”, explica o médico.

Tauil também aconselha a imunização de moradores do DF que vão para áreas de mata ou áreas rurais, ressaltando que se deve esperar ao menos 10 dias para a vacina fazer efeito. A indicação de vacina é permanente  no DF porque está dentro da área endêmica para a circulação do vírus. Além disso, historicamente, há surtos e casos isolados em áreas de mata.

Pessoas com imunidade comprometida, portadores de HIV, AIDS, doenças reumáticas, gestantes, mulheres que estão amamentando, pessoas alérgicas à proteína do ovo e que tomam cortisona em altas doses devem consultar um médico caso haja a necessidade de vacinação.

O epidemiologista Wanderson Oliveira reforça a importância da vacina, mas adverte “importante as pessoas avaliarem a sua condição e procurarem um posto de saúde. Caso seja um adulto que já foi vacinado duas vezes não há necessidade.”

Pânico

Para a professora do departamento de saúde coletiva da Universidade de Brasília Maria Fátima de Sousa, o alto índice de vacinação é resultado de pânico causado por campanhas governamentais pouco esclarecedoras. “Quando a secretaria não consegue falar direito com o público e quer resolver a situação, o mais fácil é vacinar a população”.

Para Maria, analisar o foco das campanhas, utilizar as redes sociais e enviar pequenos releases para os jornais locais são soluções para tornar as campanhas mais eficazes. Outra possibilidade é a de usar a rede de agentes comunitários de saúde para orientar sobre as dúvidas das doenças que preocupam a população, como a febre amarela.

“A base é a sociedade se sentir informada e fazer a replicação da informação de forma a orientar os vizinhos, familiares, no espaço onde ela atua, para tentar amenizar a situação que apavora. Sem a população estar informada, ela não sabe se cuidar, criar um pânico, gerando uma pânico geral.”, afirma a especialista.

Doença

A febre amarela é uma doença febril viral aguda transmitida por mosquitos. Nos casos mais leves, os sintomas são febre, mal-estar e dor no corpo. Para identificar as formas graves os três sinais mais importantes são lesões hepática, hemorragias e insuficiência renal.

“Pelo menos 20 a 30% das pessoas que manifestam a sintomatologia e a gravidade podem evoluir para casos graves e para o óbito, o que não significa que todo mundo que pegou morreu, a maior parte pode nem saber que ficou doente”, afirma o epidemiologista. Por se tratar de um vírus, o médico explica que não existe tratamento específico, apenas sintomático.

O quadro clínico é variável, o que dificulta o diagnóstico. “Eu estava com os sintomas de uma gripe forte. Notei quando as dores no corpo estavam extremas, como nunca tinha sentido, sem contar a aparência sempre pálida e amarelada”, explica o universitário Pedro Fonseca, 20 anos, que contraiu a doença em 2007, mesmo ano em que sua vacina tinha vencido.

Por Beatriz Castilho e Isabella Cavalcante 

 

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