Transtornos na adolescência e no início da vida adulta, se não tratados, podem causar danos por toda a vida, alertam médicos
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Foto: Matheus Azevedo/ Arte: John Matos |
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Marcela começou ter crises na escola |
Marcela Martins, 22 anos, consultou vários médicos, tinha taquicardia, queda de pressão, tontura e visão turva até descobrir que todos os sintomas eram advindos da ansiedade. “Eu realmente achava que estava com alguma doença física e nos exames sempre dava tudo certo”. Marcela perdeu o ano letivo, começou a ter crises quando ia para a escola “Ficava muito nervosa, chorava muito, comecei a me arranhar. O ato de me machucar era para que a dor física pudesse superar a dor emocional. É um momento que você consegue tirar atenção um pouco dos pensamentos por causa da dor”.
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Fernanda sofre de TOC |
A estudante Fernanda Tiberti é diagnosticada com o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e tem os sintomas desde criança. Tem pensamentos ruins que a “forçam” a fazer coisas repetidamente: “eu vivo um conflito dentro da minha própria cabeça”. A estudante começou a ter problemas mais sérios por causa do transtorno. “Na casa da minha avó eu criei um TOC que eu não podia fazer xixi, fiquei quase dois dias sem ir ao banheiro, eu fui parar no pronto socorro com infecção urinária séria”
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Lara tem crises de pânico desde 2014 |
Lara Nepomuceno Xavier, 21 anos, tem crises de pânico desde 2014. Porém, os sintomas do transtorno estão presentes na vida dela desde a infância. Procurou ajuda médica, mas com o preço elevado das consultas e medicamentos, não continuou por muito tempo: “tem que ser muito privilegiado para ter acesso a esse tipo de tratamento”. Buscou alternativas menos invasivas, começou a fazer exercícios mentais e, às vezes, toma remédio de emergência quando tem ataque de pânico. Este ano, Lara sofreu abuso sexual e tem ainda alguns traumas e crises por causa disso. Mas se orgulha da superação. “Mesmo com o grande trauma, o caso do estupro, meus ataques ficam vindo menos intensos, eu tenho mais controle da situação”.
“O maior conselho que eu daria para uma pessoa que acha que a ansiedade é algo banal: pensa no pior dia da sua vida que você se sentiu pior, agora multiplica isso por 365 dias no ano. E tenta viver com essa dor”, desabafa Marcela.
A ansiedade, por ser uma doença mental, ainda é alvo de muita descriminação. As estudantes ouvidas pela nossa redação falam que a pior coisa que passam é serem taxadas como frescas, e que seria mais fácil se as pessoas conhecessem mais sobre a ansiedade. Elas acreditam que, assim, seriam mais respeitadas e teriam mais apoio. Fernanda conta que a família dela “nunca entendeu, não só meus pais e sim toda minha família, sempre acharam que eu era doida e que eu era muito fresca”.
Se você viu tudo o que foi mostrado acima, mas ainda está com dúvidas se sofre com o transtorno de ansiedade, clique aqui e faça um teste gratuito. Mas atenção: independentemente do resultado do teste, se você tem essa dúvida, procure um médico.
Por Anna Carolina Peres