Tudo começou bem cedo, aos seus 6 anos de idade. A estudante de psicologia Letícia Vasconcelos, hoje aos 23 anos nascida e criada em Brasília, vivia uma vida tranquila ao lado dos avós em área nobre da cidade, quando começou a ser surpreendida por episódios recorrentes de sangue em sua urina.
Naquela época, nem imaginava ela toda a saga que iria enfrentar pela frente, transplantando um rim na adolescência e sendo diagnosticada aos 18 anos com um câncer raro.
Muito ativa, uma criança serelepe e aventureira, de repente foi surpreendida pela necessidade da realização de uma biópsia. Aquilo a atemorizou, mesmo não sabendo ao certo do que realmente se tratava ou significava.
Nada foi diagnosticado, mas isto foi apenas o começo.
Após novos exames, o médico decidiu que a hemodiálise era necessária. Ela acontecia de segunda a sábado, durante toda a manhã. Procedimento invasivo, que causava bastante fraqueza, fez com que 9 meses, período em que durou parecessem uma eternidade.
Logo se precisou parar os estudos, abrir mão da escola e da vida social. Uma verdadeira pausa. De repente a vida de Letícia tinha virado de ponta a cabeça. Sua atenção estava e precisa estar totalmente voltada para a saúde. Como iam as emoções daquela adolescente? Um puro misto de instabilidade, caos e medo do futuro.
Aos 13 anos, sintomas bastante incomuns para alguém em um desenvolvimento saudável começaram a aparecer. Falta de apetite e emagrecimento repentino, amarelamento da pele, dentre tantos outros, então, a procura por ajuda médica foi inevitável.
Depois de vários exames, lamentavelmente foi constatado que seus dois rins tinham perdido suas funções quase que completamente. E ali após o grande baque da recém descoberta, começava uma longa jornada de tratamento.
Neste período, Letícia relata que foi quando se iniciou a sua experiência com a fé, com o que ela acredita e com crenças que foram sua âncora, esperança e motivação diária para enfrentar aquele período tão conturbado. Ela afirma que teve experiências sobrenaturais, o que não a faz abrir mão da fé até hoje.
Em 9 de setembro de 2015, finalmente conseguiu realizar o seu tão sonhado e esperado transplante de rins em São Paulo.
Pôde então, após cerca de 3 anos retornar à escola e aos poucos ter de volta a vida de uma adolescente comum. Conseguiu terminar os estudos por meio de supletivo.
Aos 18 anos, passou pelo medo de estar perdendo o rim, depois de sentir novamente todos aqueles sintomas que antecederam o seu antigo diagnóstico.
E mais uma vez, após uma série de exames, foi surpreendida por um câncer raro de difícil identificação, tumor do músculo liso diferenciado, que acometeu até hoje apenas 100 mil pessoas em todo o mundo e que possui uma baixíssima taxa de sobrevivência.
Desta vez com sua fé a prova, Letícia afirma ter vivido e desfrutado do cuidado de seu Deus pois, após 6 meses em tratamento com quimioterapia obteve 60% de cura, contrariando o que era esperado para a realidade que estava vivendo. Hoje, ela diz que, além de ter muita gratidão por tudo que já vivenciou , encontrou um propósito maior para sua existência. Atualmente é terapeuta infantil e se dedica ao cuidado de crianças com transtorno do espectro autista.
Por Lucas Oliveira
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
