Durante a pandemia do covid-19, elevou-se a preocupação sobre a saúde mental da população. Professoras na Universidade de São Paulo (USP) e no Centro Universitário de Brasília (Ceub) revelam que existe uma preocupação em especial com acadêmicos nesses momentos difíceis.
A professora Patrícia Bellodi, coordenadora do Programa de Mentoria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), informa que a proposta naquela instituição é trocar experiências e aprofundar assuntos relevantes para o bem-estar e crescimento como alunos de Medicina e futuros médicos.
Confira o debate na íntegra
Programa de Mentoria
A pesquisadora explica que existe uma relação do programa com uma metáfora com a obra Odisseia, de Homero, poema épico grego. Como o personagem da história, um mentor é alguém que quer conhecer os outros de perto e dividir as alegrias e os desafios da jornada, nesse contexto, acadêmica.
“O ciclo de vida universitário é cheio de momentos críticos”, afirmou Patrícia. “Ninguém chega lá sozinho, ninguém chega lá sem aprender, ninguém aprende sozinho. É nisso que acreditamos”, concluiu.
Através de relatos de diversos estudantes de medicina da Universidade de São Paulo, a coordenadora conta que no programa vínculos se formam e que a Monitoria tem proporcionado aos alunos um senso de comunidade, em um ambiente de acolhimento e aprendizagem mútua. “A diversidade das pessoas representa a nossa maior força”, conta. Segundo Patrícia, a faculdade traz diversas inseguranças, como a incerteza com a escolha de curso e ao futuro profissional, e que a Mentoria ajuda muito nessa questão.
Entretanto, a coordenadora afirma que a Mentoria não é psicoterapia, mas sim uma forma de suporte aos estudantes de medicina.
Projeto “Prisme”
Já no Centro Universitário de Brasília, o Projeto Prisme tem como finalidade ser um espaço de cuidar e ser cuidado em saúde mental. A professora Luciana Musse explica que esse projeto de extensão é dividido em 5 momentos: 1º é o momento de aprender a cuidar no teórico, o 2º é aprender a cuidar na prática; o 3º é o momento de aprender a cuidar pelo diálogo e pela vivência acadêmica; o 4º é aprender a cuidar pela intersetorialidade; e por fim, o 5º momento é o de aprender a cuidar se despedindo.
Segundo Luciana Musse, é uma regra do projeto que alunos de cursos diferentes trabalhem juntos, criando a Interdisciplinaridade. Por fim, a professora explica que mesmo o projeto de extensão sendo um espaço de prática, não é um estágio, e que todos precisam ter isso em mente.
Projeto “Eis-me aqui”
A psicóloga Tania Inessa Martins de Resende afirma que os projetos de extensão são o que tem de mais bonito e potente em um espaço universitário. O projeto “Eis-me aqui”, tem como palavras-chaves: acolhimento e cuidado, e é voltado para a saúde mental dos alunos.
Tania afirma que a pandemia afetou muito a saúde mental de todos, mas ela também trouxe um sofrimento psíquico em um ambiente universitário. Para ela, não existem somente questões acadêmicas nas universidade e que devemos reconhecer a complexidade das nossas emoções. “Só sobrevivemos porque fomos cuidados”, relata.
Por fim, a psicóloga também explica que o projeto não é uma psicoterapia, mas sim um espaço para estar junto dentro da perspectiva de nos cuidarmos, sem cobranças.
O bate-papo foi realizado no “4º Encontro de Extensão e 17ª Campanha de Responsabilidade Social do CEUB”, nesta quinta-feira (28).
Por Fernanda Bittar
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira