No trabalho ou em casa, surge aquela rouquidão inesperada. A garganta arranha, vem a tosse e o cansaço ao falar. Se você passa por isso, pode ser que esteja esforçando demais o aparelho vocal. Segundo a fonoaudióloga Michelli Ferreira, especialista em audiologia clínica, profissionais como professores, cantores, oradores religiosos, atendentes de telemarketing e repórteres, precisam ter especial cuidado com higiene vocal.
“Esses cuidados incluem uma boa hidratação, alimentação saudável, evitar abusos vocais (gritar, falar cada vez mais alto em locais barulhentos), não fumar, evitar o consumo de álcool, dormir bem, sempre que possível evitar choques térmicos”. Um dos problemas atende pelo nome de “disfonia”, um distúrbio da voz, que se caracteriza principalmente através do sintoma da rouquidão, apontado como um dos principais diagnósticos em professores. O problema se acentua com a exposição ao ar-condicionado. Está explicado quando sente que a boca ou a garganta ficou seca.
“Nossa laringe, o órgão da fonação, está exatamente nesse via, sendo assim, o ar que chega até esse órgão é frio e seco, causando uma maior dificuldade para todo o funcionamento da produção vocal. O ideal para os ambientes com ar condicionado é que tenha também um umidificador”.
A profissional explica que a voz é produzida na laringe, nosso órgão da fonação, através da vibração das pregas vocais pelo ar expiratório. “Após passar pela laringe e vibrar as pregas vocais teremos a influência também das caixas de ressonância (os ossos da face). Por fim o som atinge a boca e são produzidos os fonemas através da articulação”, aponta.
Cuidados em sala de aula
O professor universitário Sérgio Euclides de Souza, há trinta anos na profissão, declara que nunca teve problema vocal. Mas que tem consciência do assunto e que procura tomar cuidados. Entre as ações de prevenção, tenta poupar a voz em alguns períodos.
Em estudo recente feito pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro SP), mostra que 63% dos professores entrevistados (1651 docentes da rede básica de ensino) já tiveram problema na voz, sendo que 11% apresentava alguma alteração no momento da pesquisa. Entre 14 sintomas listados que denotam problemas como rouquidão, pigarro, garganta seca, entre outros, cada pessoa respondeu que tinha, em média, 3,7 sintomas.
Rotina de exercícios
A professora de canto popular Dani Baggio adverte que problemas vocais podem ser prejudiciais para a carreira do cantor. Os mais comuns podem ser fendas, pólipos, calos e nódulos. Depressão faz encurtar, às vezes, a extensão vocal do cantor. É importante também manter uma rotina de exercícios para preservar o músculo da prega vocal “a postos” para o trabalho.
Ela explica que, no canto erudito, aplica exercícios que proporcionem mais potência na voz por causa do repertório que, por vezes é muito pesado (tipo árias de Oratório, de Ópera). Para o cantor popular, são necessários exercícios que o façam adquirir resistência porque muitas vezes este canta várias horas seguidas. Tanto para o canto erudito quanto popular, há os mesmos exercícios para desenvolver outros elementos como leveza da voz, peso e brilho.
Por Leonice Pereira
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira