3790 alunos estão matriculados em escolas especiais no DF

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No Distrito Federal escolas da rede pública e privada oferecem ensino inclusivo. Os alunos são crianças, adolescentes e jovens com alguma deficiência física ou limitação psicossocial. Com apoio dos pais, dos professores e da equipe pedagógica conseguem estudar e se sentem incluídos em um ambiente de transformação social. A educação é um direito assegurado no atual ordenamento jurídico brasileiro e a oferta dela deve ser cumprida em um sistema educacional inclusivo.

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Arte: Paula Beatriz/Agência de Notícias

Na educação especial presente nos índices calculados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) há dois tipos de classes: a comum e a exclusiva para quem tem algum tipo de limitação. De acordo com dados do Inep, em 2016 eram 3.790 alunos matriculados em classes do Distrito Federal que oferecem apenas o ensino especial contra 12.487 estudantes em classes comuns. Em 2015, o levantamento mostrou que 4.540 matrículas eram apenas nas classes exclusivamente especializadas.

Além da educação inclusiva, há alunos com deficiência matriculados no ensino regular. Dados do Conselho Escolar de 2014 apontam que, naquela época, 698.768 alunos com alguma limitação estavam matriculados em classes comuns. Isso representa um total de quase 900 mil matrículas. Do total, 79% delas em turmas comuns.

Michely Parra, 38 anos, é professora em uma escola pública dedicada ao ensino inclusivo, em Ceilândia, e mãe dos gêmeos Gustavo e Guilherme Parra, 7 anos. Aos 2 anos eles foram diagnosticados com Transtorno Global de Desenvolvimento, o autismo. A mãe procurou ajuda depois que percebeu dificuldades na fala e na socialização. Além disso, segundo a educadora, os filhos ficavam agitados com mudanças no dia a dia. “Vejo meus filhos com grande potencial, porque mesmo diante das dificuldades eles conseguem fazer as tarefas diárias, como as atividades de casa”, disse Michely sobre o cotidiano dos meninos. Ela ainda acrescenta que Gustavo tem uma paixão especial pela cozinha. “Quando se trata das refeições ele já sabe quais ingredientes mais gosta e me ajuda, inclusive, no preparo das refeições”, destacou.

A professora observa que muitos profissionais têm se aperfeiçoado para atender melhor a demanda dos alunos. No entanto, segundo ela, há falta de materiais adequados. “A inclusão caminha a passos lentos em razão da falta de informação, muitas vezes, por parte da família. A força do senso comum também dificulta o entendimento de transtornos”, lamentou. Ela conta que como mãe e professora, percebe a necessidade de um maior vínculo entre a escola e a família, principalmente no suporte emocional para cada área de necessidade.

A professora Michely Parra é mãe dos gêmeos Gustavo e Guilherme Parra, 7 anos. Eles foram diagnosticados com autismo aos 2 anos. Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

Lya Passarinho, 37 anos, é jornalista e servidora pública. Moradora da Asa Sul, ela tem um filho, Vitor Passarinho, de 7 anos. A criança tem características do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entre as dificuldades, Vitor tem características de dislexia, déficit de atenção e processamento auditivo, hiperatividade e, além disso, possui um QI alto. No primeiro ano do ensino fundamental, a mãe conta que o menino começou a sofrer bullying da professora de um colégio particular. “Ela disse, de forma extremamente apática, que meu filho não conseguia se desenvolver socialmente e que não era capaz de se enturmar”, ressalta.

Segundo Lya, a busca pela escola é árdua, pois nem todos os profissionais estão devidamente preparados para lidar com as dificuldades cognitivas e motoras dos alunos. “A escola ainda não tem um plano para a situação social. Uma coisa é incluir, dar oportunidades para fazer provas e ser avaliado de acordo com as suas limitações. Mas a inclusão, de fato, deve passar pela questão social, o que não acontece.”

Vítor ainda não possui um diagnóstico definitivo. Isso porque, segundo a mãe, os médicos dão pareceres discrepantes. “Também não há bons profissionais na área que atendam por planos de saúde. Então é uma batalha por laudo, profissionais capacitados, escolas de fato preparadas, inclusão. Uma luta emocional diária.” Atualmente Vítor possui acompanhamento fonoaudiológico, psicopedagógico, aula particular e terapia para treino da atenção.

Arte: Paula Beatriz/Agência de Notícias

Segundo o mestre em educação e especialista em atendimento educacional especializado, José Wrigell, a sociedade caminha de forma lenta para todas as pessoas que apresentam qualquer tipo de limitação, sejam elas sociais, culturais ou econômicos. “Quando o pensamento for modificado, as posturas e as ações serão inclusivas. Ou seja, irão acolher, compreender, conviver e aprender juntas, superando as barreiras cotidianas”, explicou.

Em relação ao ensino especializado e ensino regular, José afirma ainda que tornar todas as escolas do DF em espaços inclusivos é o mais indicado. “Mas também acredito ser possível a coexistência de instituições educacionais que possam atender Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (ENEE), realizando atividades específicas e atendimentos complementares. Não apenas com a presença de docentes, mas também de outros profissionais”, esclareceu.

O professor que trabalha em uma escola de educação inclusiva ainda salienta que é preciso atenção no momento da acolhida de jovens e crianças nas escolas. “Quando as instituições obrigam os profissionais a trabalharem com turmas lotadas, sem recursos, em espaços inadequados, com pouco ou nenhum auxílio humano, elas estão formando uma nova forma de exclusão, a completa indiferença”, ressaltou.

Por Nathalia Carvalho

Sob supervisão de Isa Stacciarini

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