CatFishes: como identificar perfis falsos nas redes sociais?

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Você conhece o termo CatFish? O termo é usado nas redes para caracterizar pessoas que utilizam perfis falsos na internet e mantêm algum tipo de relacionamento amoroso com outras, sem que saibam a verdadeira identidade. Em torno disso, as redes sociais e os aplicativos de namoro são portas de entrada para esses golpistas que, muitas vezes, não são descobertos. Segundo dados da pesquisa realizada pela empresa de segurança digital Psafe, mais de 20 milhões de brasileiros já foram vítimas de algum golpe “amoroso” na internet.

Assustada, Ana*, agora com 20 anos, relembra uma experiência que viveu aos 16, quando um rapaz começou a persegui-la nas redes sociais. 

“Eu e esse cara tínhamos um amigo em comum. Frequentávamos o mesmo lugar e, em uma das vezes que estive lá, esse amigo nos apresentou, mas ele já estava me seguindo no Instagram há um tempo, eu só não tinha notado”, comenta

Após serem apresentados, o rapaz começou a conversar com Ana por 2 perfis diferentes, sem que ela soubesse ou desconfiasse. Em um deles, ele fingiu ser uma mulher e, procurando saber se ela estava se relacionando com alguém, fazia perguntas invasivas e inapropriadas.

“Ficou meio abusivo e persistente demais com perguntas que eu não queria responder, daí bloqueei de vez”, recorda.

Algum tempo depois, pelo seu perfil pessoal, o rapaz começou a fazer as mesmas perguntas e Ana, desconfiada, parou de respondê-lo, decisão que não agradou o rapaz, que passou a persegui-la pessoalmente.  “Postei uma foto no parque e ele apareceu lá depois de um tempo, tentou ficar comigo e eu não quis (…) e confessou que a outra página era dele e até me chamou de burra e manipulável” 

Ana relembra também que as amigas, assim como ela, não tinham malícia suficiente e achavam normais as atitudes do rapaz: “falavam que era amor”.

É  preciso se proteger, diz especialista

O especialista em segurança da informação Denis Lourenço explica que uma pessoa com perfil falso pode cometer diversos crimes, além de falsidade ideológica, e para cada um  existe uma lei diferente. Por isso,  que, caso algum crime cibernético aconteça, a vítima deve tirar print e salvar tudo o que for possível.

“Neste momento, é preciso deixar a vergonha de lado, pois os órgãos competentes saberão proteger sua intimidade”, ressalta.

Informa, ainda, que é importante que se registre os documentos e as provas em cartório e registre boletim de ocorrência em uma delegacia. 

Segundo ele, os criminosos estão atrás de dinheiro e cometem os golpes também pelo WhatsApp.

“Roubam o whatsapp de alguém ou se passam, também no WhatsApp, por um parente com um contato novo”, explica. 

No primeiro caso, a pessoa aplica alguma técnica de engenharia social e solicita à vítima um código enviado por SMS, este código é o que ativa o aplicativo em outro dispositivo. Por isso, é importante relembrar que esse código nunca deve ser repassado para outras pessoas. 

No segundo caso, a orientação é que só converse com o novo número após a confirmação do proprietário.

Um falso conto de fadas

Vinicius Siqueira, de 18 anos, também foi vítima de um perfil falso na internet. Em 2018, ele conheceu um rapaz que dizia se chamar Rodrigo, em um grupo de WhatsApp. “Ele, em questão de semanas, ganhou muita simpatia da maioria das pessoas, contando como era sua rotina no hospital localizado em Marília (SP), onde ele supostamente era enfermeiro. Eram histórias cheias de amor, como se a vida dele fosse um conto de fadas”, relata.

Um mês depois da chegada do homem ao grupo, Vinícius começou a desconfiar de algumas histórias contadas por ele. “O Rodrigo simplesmente copiava histórias da internet e falava que tinha acontecido com ele em determinado momento. Fui atrás de outras pessoas que também estavam desconfiadas e quanto mais procuramos mais mentiras achamos. Até que conhecemos pessoas de outro grupo que ele havia participado um ano antes. Lá, ele contou que estava com câncer, e todo seu dinheiro era direcionado ao tratamento, assim, ele conseguiu com que uma pessoa pagasse Netflix e Spotify para ele. Um dia, ele percebeu que algumas pessoas estavam desconfiando das situações, então saiu do grupo e trocou de número de celular”, relata.

 

A psicóloga Juliana Silveira explica que podem ser vários os motivos para que alguém crie um perfil fake na internet. “A pessoa pode sentir que o ambiente real dela não fornece o que ela procura, isso pode ser amor, atenção, sexo – mesmo que virtual-, ás vezes dinheiro. E como eu disse, as pessoas são valentes na internet, então a ideia de que você pode fazer e ser o que quiser sem que te descubram, dá uma sensação de poder imensa ao sujeito que muitas vezes é suprimido e excluído na vida real”.

Fernando Oliveira, de 25 anos, é administrador do grupo que Vinícius participava, e também desconfiava de Rodrigo. Ele conta como era difícil essa situação na qual se encontrava. “Eu ficava preocupado, pois no nosso grupo tem pessoas mais novas (menores de idade) e nós sempre tentamos manter o grupo um lugar onde fosse possível ter interação entre crianças e adultos sem qualquer tipo de risco. Ele poderia ser só alguém querendo atenção ou até mesmo algum pedófilo, mas nós não tínhamos provas concretas, somente uma desconfiança e relatos de que ele não era quem dizia ser”, afirma.

 

Os outros membros confrontaram Rodrigo indiretamente. “Ele saiu do grupo ameaçando eu e as outras administradoras de processo”, relembra. Por três anos, Rodrigo enganou pessoas pelo WhatsApp, até que foi descoberto. “Esse ano soubemos por um membro que ele tinha sido exposto em outro grupo, onde descobriram a identidade real dele, confirmando que desde o começo nós estávamos certos sobre ele não ser quem dizia ser”. 

Muitas pessoas, como Fernando, não sabem como proceder quando não possuem provas concretas. Segundo Denis Lourenço, em casos de desconfiança, o processo é o mesmo: bloquear a pessoa imediatamente, tirar print e registrar o boletim de ocorrência. Em casos envolvendo menores de idade, é importante explicar que existem criminosos na internet orientar nunca fornecer informações. Além disso, o especialista deu algumas dicas para identificar perfis falsos nas redes sociais, confira

Infográfico por Nathália Guimarães

 

Por Nathalia Guimarães e Rayssa Loreen

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