Foto: Acvida Cuidadores
Para as famílias que contratam serviço domiciliar de cuidadores de idosos, é necessária atenção especial nesse período de pandemia sobre as qualificações profissionais e sobre as prevenções realizadas. Além disso, podem surgir outras eventualidades. Além da prestação desse serviço tão especial, há quem relate que ocorrências de maus tratos e agressões físicas praticadas pelo cuidador contra o idoso. Mas existem caminhos para evitar essas situações.
Isadora Godoy Lopes, de 22 anos, estudante universitária de museologia, teve algumas experiências com empresas de cuidadores de idosos, que certamente serviu como aprendizado. Atualmente, ela mora com sua mãe, irmã e avó e tiveram que procurar uma empresa de cuidadores para a idosa de 89 anos.
A idosa foi diagnosticada com Alzheimer há 14 anos, sofreu um acidente doméstico e acabou ficando muito debilitada, não podendo falar, andar, comer e fazer suas necessidades básicas sozinha.
Como nenhuma delas poderia parar seus estudos, trabalhos e afazeres para se dedicar 24h por dia para cuidar da idosa, procuraram cuidadores em agências.
“Na teoria, nas agências, elas têm uma curadoria. Profissionais selecionados e treinados em cursos e, caso acontecesse algo, a empresa seria responsável”. Mas, na prática, ela percebeu que a experiência foi diferente.
O processo de contratação foi a distância, por telefone, sem um contato direto com os cuidadores, apenas com a administração da agência, sem nem mesmo apresentar aos profissionais o dia a dia familiar. Isadora conta as experiências para sua família, foram muito ruins.
De acordo com ela, acreditaram no que a empresa prega de cuidados essenciais; profissionais experientes, certificados e que foram muito bem treinados. Porém, elas passaram por mais de 10 profissionais. “Algumas cuidadoras não sabiam como segurar a minha avó, trocar fraldas dela, dar banho, o que nos deixou muito assustadas”, relata.
A jovem diz que na primeira agência contratada, eles alegaram que o cuidador faria tudo o que a avó dela necessitasse, desde lavar a roupa, dar banho e comida e, dar os remédios nos horários definidos. Mas, no caso de sua casa, a roupa já ficava lavada e a comida pronta, o que ela teria que fazer seriam apenas as necessidades básicas de acompanhamento.
Muitas vezes que chegava em casa, Isadora encontrava sua avó sentada de forma errada na cadeira, pendurada, e, a cuidadora sentada ao lado dela, que não fazia questão de arrumar a postura da senhora, correndo o risco de até mesmo cair. E essa situação não foi apenas com um profissional da agência.
Avó da Isadora Godoy, de 89 anos. Foto: Arquivo pessoal
“Algumas vezes a cuidadora deixava minha avó assistindo televisão e dormia na cadeira, como se minha avó estivesse ali para cuidar dela em vez de ser ao contrário, outras vezes a profissional deixou a cama da minha avó suja de urina, sendo que aqui em casa havia todo material higiênico preciso para ser usado de forma correta com ela”, relata Isadora.
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O descaso era tão recorrente, não só com a avó, como também com os objetos de trabalho. Uma situação contada por Isadora, foi que um dia a idosa sujou o chão ao fazer suas necessidades e ela que entregou os produtos de limpeza a cuidadora e, ao invés de utilizar o material dado a ela pela agência, a profissional limpou o chão com um lenço umedecido que era de uso da senhora, um produto tão caro e que não era para aquele serviço.
“Isso aconteceu com 3 pessoas em casa, 3 pessoas da família que ficam com a minha avó, imagina quem não tem ninguém para acompanhar o idoso?”, perguntou.
Outra reclamação relatada por Isadora, é a questão do uso excessivo de celular durante o expediente. As cuidadoras passavam muito tempo, mandando mensagens, mexendo nas redes sociais, e isso acabava deixando-as desatentas as fraldas que ficavam carregadas de urina, deixando a idosa suja e com as pernas assadas.
Mais uma situação negativa contada pela jovem, foi sobre o mau uso do caderno do cuidador da primeira empresa. Além da falta de organização, Isadora conta que uma vez pediu para que a cuidadora não desse a janta da idosa, pois planejaram comer todas juntas, com uma tia naquele dia e, então, notou que no caderno a cuidadora havia registrado que deu a janta e o remédio da noite para a senhora. “Fiquei em dúvida se minha avó já havia tomado os remédios e fui conferir no caderno, quando eu vi, a cuidadora havia registrado ações que a minha avó não havia feito, imagina se isso, acontece com algum remédio dela e algo ruim aconteça? É uma grande irresponsabilidade”, conta.
Isadora conta que sua avó é bastante assistida e acompanhada, pois além de cuidadores, ela também possui tratamentos com outros profissionais como: fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. Toda essa situação levantou mais uma vez o questionamento dos idosos que são deixados em asilos pagos e não são acompanhados diariamente, “Como deve ser o tratamento nesses estabelecimentos?”, questiona.
A jovem culpa a empresa por contratar profissionais que não estão capacitados para atender os serviços solicitados. Prometiam serviços melhores e deixaram sempre a desejar no profissionalismo durante os 7 meses de contratação que tiveram. Ressalta também o valor alto que era pago por mês, para uma qualidade tão baixa do serviço prestado.
Quais cuidados tomar no momento da contratação?
O fundador da Acvida Cuidadores, localizada na Asa norte e que atua nesta área desde 2012; Adriano Machado, chama a atenção das famílias. Através de um artigo publicado, com o objetivo de evitar experiências ruins com os cuidadores, ele atenta os familiares a pontos importantes que precisam ter conhecimento no momento da contratação de um profissional.
Todos os pontos apontados por Adriano em seu artigo, tem a pretensão de garantir o conforto e a segurança do seu familiar com mais idade, que necessita de algum cuidado especial.
De acordo com Adriano Machado, é necessário que a família:
- Decida onde o idoso irá receber os cuidados que necessita;
- Defina o perfil do cuidador de idosos;
- Escolha quais dias e horários irá precisar dos serviços;
- Estabeleça a rotina do cuidador;
- Instale câmeras de vídeo para acompanhar o idoso;
- Registre as atividades no Diário do Cuidador;
- Esteja presente no dia a dia do idoso;
- Dê atenção ao profissional cuidador.
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O caso da Isadora, serve como exemplo para quais cuidados tomar no momento da contratação de um cuidador de idosos. O processo de contratação da segunda empresa, de modo a ser melhor, foi um pouco diferente da primeira para ela, pois além de telefonema e pesquisas na internet, também fizeram reuniões com a treinadora dos cuidadores e explicaram as outras experiências vividas na outra.
Os profissionais possuíam um perfil diferente, pois as políticas com os cuidadores era mais rígida. Por exemplo, eles registram em um caderno do cuidador, os sinais vitais e as atividades do idoso ao longo do dia. Além de que, outros profissionais fazem visitas surpresas ao local de trabalho, supervisionam todos os passos dos cuidadores. E isso, foi muito importante, pois esse maior contato, influenciou ao apresentar a casa, a rotina da família e o histórico com cuidadores passados.
Os desafios da profissão na pandemia
A pandemia, certamente, desencadeou dificuldades aos cuidadores e as empresas que fornecem o serviço de Home Care, afinal as pessoas acima de 60 anos fazem parte do grupo populacional que corre mais risco de desenvolver complicações da covid-19 e que pode levar a morte e, o trabalho de um cuidador necessita de contato físico e proximidade.
Adriano Machado relata que a Acvida Cuidadores necessitou reduzir o quadro de cuidadores em 15% desde o início da pandemia. Além disso, ele explica que o maior desafio para a empresa foi se adaptar às exigências constantes da Organização Mundial da Saúde (OMS). “A saúde se baseia em protocolos, e a covid-19 ainda é uma doença sem protocolos uniformizados, temos apenas os de higiene e segurança no trabalho, não de tratamento e prevenção. Isso gera dificuldades para qualquer profissional de saúde, inclusive cuidadores”, conta.
Foto: Acvida Cuidadores
Em entrevista, Adriano Machado atenta a um ponto importante para os cuidadores que estão iniciando nesta carreira: “A principal dica para o cuidador ou candidato a cuidador é: interesse-se verdadeiramente pelo idoso e pelo trabalho, e os empregos lhe procurarão”.
Por Adna Fernandes e Ana Carolina Miranda
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira