Especial: Segurança no Parque da Cidade

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“Diversas prisões estão ocorrendo”, alega Polícia Militar

Há quem tenha medo de frequentar o Parque da Cidade à noite, mas crimes recentes ocorrem também em plena luz do dia. No último sábado de maio, por exemplo, uma jovem de 21 anos foi vítima de seqüestro relâmpago no lugar. Três homens, sendo um deles armado, levaram a estudante até a Torre Digital, a cerca de 20 quilômetros de distância do parque. Segundo os relatos, a jovem foi ameaçada de morte e perdeu carro, carteira, cartões de crédito, celular e um tablet. Até o fechamento da matéria, a Polícia Civil informou que os criminosos ainda não haviam sido presos. “A 1ª DP continua com as investigações”, ponderou o policial entrevistado.

No fim de fevereiro, o morador de rua, identificado como Izael Miranda, foi morto. Por volta das 5h, um vigilante do parque encontrou o corpo dentro de um saco de lixo perto do estacionamento 04 e do Centro Hípico do Parque. A Polícia Civil prendeu o suspeito no mesmo dia. “O autor está preso no Centro de Detenção Provisória por força de Mandado de Prisão Preventiva”, informou a assessoria da PCDF.

O aumento do número de crimes ocorridos no parque se dá pela “migração dos marginais da Asa Sul para esse local após várias operações realizadas naquela região”, relata a assessoria de comunicação da PMDF. A Polícia Militar afirma que está tomando uma série de medidas além do aumento do efetivo. Porém, “essas medidas são estratégicas e, por esse motivo, não podemos detalhar muito”, declarou. Ainda assim, a polícia alega que prisões estão ocorrendo, principalmente por furto no interior de veículos e por uso e porte de drogas.

A linha é tênue quando se trata da insegurança no Parque da Cidade e da insegurança em Brasília, de um modo geral. Até onde esse sentimento é por estar no parque à noite, ou por estar fora de casa neste mesmo período? Frequentadores do maior parque urbano do mundo afirmam que preferem o local quando há luz solar. “Não vou lá à noite. É perigoso”, afirma a estudante Thainah Mendes. Giovana Lima e Luiza Nogueira , amigas da Thainah, tampouco iriam ao parque no período noturno. “Fiquei sabendo de um menino que estava bêbado, dormiu e foi estuprado lá”, completou Giovana Lima, estudante de publicidade.

Histórias como essa são passadas de boca em boca, mas nem todas aconteceram de fato, nas dependências do parque. Para Luiza, quando a lua e as estrelas estão presentes “qualquer lugar dá a sensação de ser mais perigoso”. Contudo, isso não significa que faltam acontecimentos violentos nos 420 hectares do local. Eles acontecem do amanhecer ao anoitecer e, ao contrário do que os entrevistados pensam,  a claridade do dia não significa segurança. “Não há câmeras de segurança no parque”, relatou o subsecretário Alexandro Ribeiro.

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Passo a passo da segurança do parque

Além da viatura do posto, dividida em dois turnos para cobrir as 24 horas do dia, outra medida foi implantada na semana do dia 31 de maio. Desde esse dia, o parque conta também com uma moto. A patrulha sobre duas rodas acontece diariamente das 15h às 23h. Curiosamente, foi logo após o último sequestro relâmpago (em 30/05), mas o militar que se identificou como sargento Valmir não soube informar se os acontecimentos estão relacionados. “Não tem nada a ver. Isso faz parte de um plano de segurança que estamos implantando no parque”, afirmou o subsecretário  Alexandro Ribeiro. Durante os dias mais cheios, nos finais de semana e feriados, uma viatura extra é utilizada, sendo ela parte do serviço voluntário.

O pelotão de policiamento montado foi implementado no dia 16 de abril e atua das 7h às 21h. “O policiamento montado é feito diariamente com seis cavaleiros”, aponta o Centro de Comunicação Social da PMDF. A cavalaria percorre toda extensão do parque, às vezes de dois em dois, outras de três em três ou todos juntos.

Para o sargento Valmir, todos os lugares do parque são igualmente seguros. “Às vezes, aqui na entrada do parque, quando alguém vai destravar a bicicleta e está distraído no celular, o pessoal aproveita”, conta. O sargento acrescenta que mais para o final do parque, perto da DPE, pode ser mais perigoso por ser uma área mais distante e isolada. “Grande parte dos incidentes ocorre quando as pessoas estão namorando, distraídas, dentro do carro”, alertou. A assessoria da PMDF orienta os frequentadores a não deixarem objetos de valor visíveis no interior do veículo e a permanecer o menor tempo possível parado dentro dos carros. “A dica é: não dê oportunidade ao criminoso”, sugeriu.

Os vigilantes do Parque da Cidade não andam armados, mas estão treinados para auxiliar uma pessoa que foi vítima de assalto ou de acidente. Segundo um desses funcionários, a orientação que recebeu foi para “passar um rádio para a viatura, administração ou Samu”. De acordo com os soldados identificados como Duarte e Valquíria, que fazem parte do batalhão designado ao parque, a viatura circula pelo lugar. “Em alguns momentos, nós paramos para fazer um ponto de base”, acrescentou Duarte. Alguns vigilantes podem ser encontrados nas portas dos banheiros do parque. Eles estão nestes locais para evitar que marginalizem os sanitários e pichem os azulejos feitos pelo artista Athos Bulcão. “A cada 30 dias nós mudamos de ponto”, declarou um vigilante.

 

Depois que o Sol se põe

Os entrevistados têm um pensamento em comum: a segurança do parque está diretamente ligada à luminosidade do local. ”Como o número de casos de violência no parque aumentou, algumas pessoas assumem que é por falta de iluminação no local”, comentou o assessor de comunicação da CEB.

Quando a reportagem entrou em contato com a CEB, a informação recebida foi a de que as lâmpadas de alguns estacionamentos foram trocadas em 2014. Esta foi a última vez em que a companhia esteve no parque. Durante a visita, nenhuma lâmpada nova foi adicionada. A assessoria mencionou que são utilizadas lâmpadas de sódio no Parque da Cidade, o tipo recomendado para iluminação pública. Apesar das reclamações de frequentadores, desde a nova administração do parque, que tomou posse em 2015, a CEB não foi contatada para aumentar a iluminação do local. Ao visitante que perceber pessoas em atitude suspeita no Parque da Cidade, a assessoria da PMDF orienta contato imediato com o 1° Batalhão da Polícia Militar. O telefone é o (61) 3190-0100.

 

Fui vítima.E agora?

O Posto Comunitário de Segurança (PCS 099), perto do parque Nicolândia, não faz registro de ocorrência. Segundo o sargento Valmir, a orientação é informar aos vigilantes do parque, e eles comunicam a administração via rádio, e a administração liga para o posto. No posto, o procedimento é informar à viatura que faz a ronda no parque. Esta mesma viatura faz ronda durante o dia e à noite, no parque inteiro. Caso a vítima esteja perto do posto, pode ir até lá, mas o procedimento segue o mesmo. Ou seja, informar à viatura de plantão. Caso seja possível, é indicado que a própria vítima ligue direto para o número 190, informando o ocorrido e, assim, o socorro chegará até ela.

Texto: Fernanda Roza e Mariana Lyrio | Infográfico: Fernanda Roza | Foto: Agência Brasília

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