Jandira não suportou o aborto. Com medo, os donos da clínica clandestina carbonizaram seu corpo dentro de um carro. O caso é apenas mais um entre as milhares de vítimas que morrem pela falta de uma assistência adequada no país. Foi com essa história que começou a exibição do filme, “Sexo, pregações e política”, dos diretores Aude Chevalier-Beaumel e Michael Gimenez no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, na mostra “A política no mundo e o mundo na política”. O longa-metragem gira em torno da polêmica possibilidade da legalização do aborto. Em contraponto à aprovação da medida, está a bancada evangélica no Congresso Nacional, como um dos protagonistas do filme.

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O filme lembra que a chamada “Frente Parlamentar Evangélica” conta com mais de 100 parlamentares apenas na Câmara Federal e tem lutado contra a legalização do aborto. É no conflito desta bancada com as chamadas “minorias sociais” que se passa o filme. Segundo a produção, não são apenas as mulheres que compõem esse grupo, mas também o movimento LGBT, religioso (expressas pelas religiões africanas), entre outros.
Para a diretora, a intenção de produzir o longa que falasse do “paradoxo sexual” no Brasil, surgiu em 2013. “A gente faz filme justamente para discutir um tema específico”, conta Chevalier-Beaumel. Mesmo expondo o seu ponto de vista, de forma singela, na produção, a cineasta afirma que embora não concorde com alguns dos seus entrevistados, é preciso dar a palavra às pessoas, seja qual for o “posicionamento ideológico”.
Diversos deputados apareceram ao longo do vídeo, de pensamentos opostos, porém, quando o deputado Jair Bolsonaro (PSC/RJ) foi reproduzido no telão, gritos de “fascista” e “racista” foram ouvidos no cinema.
Por Lucas Valença