Rene Silva, comunicador e fundador do jornal Voz das Comunidades, relembrou durante o Festival de Jornalismo do Prêmio Engenho o episódio em que foi preso enquanto realizava uma transmissão ao vivo dentro de uma ocupação. “Estava mostrando o que acontecia quando a polícia pediu para eu parar de gravar. Como estava ao vivo, não interrompi e fui preso.”
A fala aconteceu durante o painel Empreendedorismo no Jornalismo, no qual compartilhou sua trajetória à frente de um veículo independente criado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Durante o painel, o jornalista contou que iniciou sua caminhada ainda aos 11 anos, ao participar do grêmio estudantil da escola pública onde estudava, surgiu o Voz das Comunidades ao perceber que a favela não era representada nos grandes jornais como ele via no seu dia a dia.
“Sempre levavam para o lado negativo: mortes, violência, tráfico. Nunca mostravam a potência da nossa gente.”

Rene destacou ainda os desafios enfrentados ao fazer jornalismo em um território atravessado por questões como milícia, corrupção e ausência do Estado. Relembrou, por exemplo, a primeira vez em que foi censurado:
“A gente publicou no jornal impresso uma lista com telefones úteis, como Corpo de Bombeiros e Disque Denúncia. Os exemplares foram recolhidos.”
Mesmo com as dificuldades, ele defendeu o jornalismo comunitário como instrumento de transformação:
“O jornal nasceu dentro da favela para dar voz a quem nunca teve. A gente não começou com estrutura, mas com vontade de mudar a realidade.”
Por Mayara Mendes
Sob supervisão de Luiz Cláudio Ferreira