Jon Batiste: pianista americano lidera indicações ao Grammy 2022

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Com onze indicações ao Grammy 2022, que acontecerá neste domingo (3), Jon Batiste ultrapassou artistas famosos, como Justin Bieber, Doja Cat, Billie Eilish e ganhou protagonismo frente à cerimônia, sendo um forte candidato aos prêmios que disputa. 

Dentre as indicações, o pianista concorre a oito categorias com seu oitavo álbum de estúdio “We Are”, sendo três dessas consideradas principais (Gravação do ano, Álbum do ano e Melhor videoclipe) e a mais três categorias com a co-autoria na trilha sonora da animação “Soul”, da Disney. 

A capa de We Are, de Jon Batiste (Imagem: Divulgação)

Confira as indicações:

Gravação do Ano – “Freedom”

Álbum do Ano – “We Are”

Melhor Performance de R&B Tradicional – “I Need You”

Melhor Álbum de R&B – “We Are”

Melhor Solo de Jazz Improvisado – “Bigger Than Us” (Soul)

Melhor Álbum de Jazz Instrumental – “Jazz Selections: Music From and Inspired by Soul” (Soul)

Melhor Performance de American Roots – “Cry”

Melhor Música de American Roots – “Cry,” Jon Batiste e Steve McEwan, compositores

Melhor Trilha Sonora para Mídia Visual – “Soul”

Melhor Composição Clássica Contemporânea – “Batiste: Movement 11,” Jon Batiste, composer

Melhor Videoclipe – “Freedom”

Confira o álbum:

WE ARE – Album by Jon Batiste | Spotify

Artista e a música

Jon Batiste é natural de Metairie, uma região na cidade de Nova Orleans, em Louisiana (EUA). Nascido em uma família com longa linhagem de musicistas, sua relação com a música começou desde pequeno, quando passou a experimentar diversos instrumentos musicais. 

Jon passou sua infância em Nova Orleans, considerada a cidade do Jazz, e nela obteve seus primeiros contatos com o gênero. Aos 17, se mudou para Nova York, onde ingressou na famosa Juilliard School (escola superior de música, dança e dramaturgia de Nova York) e consolidou sua carreira musical, fundando posteriormente a banda Stay Human, que participa do programa de TV ‘The Late Show”, do apresentador Stephen Colbert.

Embora não se enquadre na prateleira dos artistas mais famosos, Batiste possui um amplo repertório em sua carreira musical. Versatilidade e completude o descrevem. O artista é tido como um ativista musical, organiza apresentações de rua por Nova York, a fim de aproximar o público do Jazz. Além disso, possui um Oscar e um Globo de Ouro pela trilha sonora de ‘Soul’ e agora aguarda a possibilidade de receber mais um importante prêmio para sua coleção, o Grammy Awards de 2022.

Por dentro do álbum

Batiste é o maior indicado no Grammy 2022 (Foto: Divulgação)

A produção foi iniciada em setembro de 2019 e concluída em maio de 2020, segundo Batiste. Antes de lançar o álbum, ele soltou, ainda em 2020, singles em plataformas digitais, como o ‘We Are’, que deu nome ao projeto. Lançado pela Verve Records em 19 de março do ano passado, o novo trabalho do artista conta com 13 faixas. Este é seu oitavo álbum de estúdio e, embora possua outras coletâneas na música, Jon afirma que esse é o mais significativo até então, por considerá-lo a mais verdadeira representação de sua vida até esse ponto e um resultado do momento que vivia.

Ao ressaltar a importância do momento na música, o artista defende que ele não pode ser deixado de lado, visto que a música expressa emoções que atingem o subconsciente, logo, podem representar precisamente o que um momento carrega. É o caso do contexto ao qual Jon produzia, cercado por manifestações do movimento “Vida negras importam”, pelo qual foi influenciado.

Para o projeto, o artista ainda contou com a participação de grandes nomes dos mais diversos gêneros da música negra estadunidense, como Mavis Staples, Zadie Smith, PJ Morton, Trombone Shorty e ainda a colaboração de nomes como Quincy Jones e Stevie Wonder. Segundo Jon Batiste, o álbum “celebra a cultura e música ‘Black American’ enquanto explora temas de linhagem, autenticidade, excelência e evolução”.

O álbum constou em 7° colocado na Billboard como Melhores Álbuns Vendidos e em 10° colocado como Melhor álbum de R&B, durante breve período após o lançamento. O single ‘We Are’ chegou a atingir a 9° posição como Álbum de Jazz Contemporâneo, em 2020. O ranking é atualizado semanalmente.

‘We Are’ e o desafio do gênero

Transitando entre as músicas, o artista opta pela variedade de estilos e se desprende da concepção de “gênero”, uma vez que visa focar na história em si. R&B, soul, jazz, funk, hip hop, gospel e pop são gêneros percebidos durante as 13 faixas compostas pelo artista. Dentro delas, traços característicos de ícones como Marvin Gaye, Stevie Wonder e James Brown são identificados, mostrando como o artista flutua entre os diferentes estilos, mas sempre mantendo sua originalidade.

Cada artista convidado para participar do álbum também possui um significado especial para o desenvolvimento pessoal de Jon, que deposita em todos uma parcela de crédito por ser quem é hoje. Eles são tidos como inspirações.

“Eu acho que muitas das músicas as quais fazemos se encaixam em gêneros, e eu quis produzir música que não se baseasse nesse sistema, e apenas música que existisse, como eu ouço, e esse álbum é a representação de uma música sem gênero que é só sobre a história, e não tenta se encaixar dentro de qualquer caixa ou coisa do tipo”, concluiu.

O conteúdo

Por dentro das músicas, é possível aprofundar-se na semântica, proposta pelo artista, de envolvimento com sua vida pessoal. Logo na primeira faixa, ‘We Are’, o autor retoma um momento de sua vida em que esteve inserido com a banda local (St. Augustine High School Marching 100) de onde cresceu, em Nova Orleans. Para isso, ele a convida para participar junto a um grupo jovem da cidade (Gospel Soul Children Choir) e mescla elementos gospel com o funk afro-americano.

Em sequência, com as faixas ‘Tell The Truth’, ‘Cry’ e ‘I Need You’, Batiste explora as raízes de território familiar, fazendo referência a seu pai e a seu avô. Nelas, é perceptível o envolvimento do artista em resgatar a tradição das famílias de fazendeiros negros, que contam com músicas folclóricas de Blues. Estas são gêneros regionais e se encontram cada vez mais em desuso. O pianista expressa nessas músicas o desejo em resgatá-los, uma vez que sua linhagem conta com músicos e fazendeiros negros.

‘Watchutalkinbout’ introduz o hip hop no álbum e conta a versão de que para o artista a vida é como um jogo, no qual passamos de fase de modo a que nem pensamos como ocorre, quase no automático.

Partindo para sua transição de crescimento entre Nova Orleans e Nova York, são apresentadas três músicas que se relacionam, são elas ‘Boy Hood’, ‘Movement 11’ e ‘Adulthood’. Na primeira, ele fala sobre como foi crescer em Nova Orleans. A segunda marca o período de transição, ratificada pelo nome ‘movement’ (movimento), e nela Batiste trabalha apenas com o instrumental de seu piano. Já na terceira, ele parte para a explicação de como foi e é crescer em Nova York, cidade onde mora desde os 17 anos de idade.

A faixa 9, ‘Mavis’, conta com Mavis Staple introduzindo ‘Freedom’, a música mais reproduzida do álbum, com um breve discurso sobre liberdade e possibilidades. A Partir daí, todas as outras faixas (Freedom, Show Me The Way, Sing e Until) falam sobre as principais mensagens que Jon quis deixar no álbum: esperança, inspiração, amor e alegria. 

Confira o vídeo clipe de Freedom:

“Nós somos os dourados, nós somos os escolhidos”

Jon Batiste foi muito assertivo com seu álbum, que acabou por ser um sucesso entre os críticos e os fãs. Ele é lançado em meio a um contexto mundo fragilizado, inspirando os jovens a serem como são, a acreditarem em si mesmos e em seus sonhos.

O maior desejo do pianista foi causar um impacto de recepção. Ele acredita que com corações, mente e espíritos abertos, ouvir esse álbum seria como ler um grande romance, onde o ouvinte absorve o conteúdo e a mensagem. 

“Você pode criar esses sentimentos com a música, e depois você pode contar essas histórias com as letras”, concluiu.

Por Andrés Ruiz

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