Movimento contra concessão da Floresta Nacional e Parque Nacional de Brasília alerta para riscos de exclusão

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Um movimento de resistência formado por grupos de ciclistas, caminhantes e ambientalistas do Distrito Federal e entorno luta contra a concessão que está sendo discutida para a Floresta Nacional de Brasília (Flona) e o Parque Nacional de Brasília.

A proposta, que prevê cobrança de ingresso e restrições ao acesso, tem gerado preocupação pela possível exclusão da população local, que hoje utiliza esses espaços para lazer, esporte e educação ambiental.

Uma das lideranças, João Carlos Machado, do movimento Caminhos do Planalto Central (CPC), em entrevista para a Agência CEUB, explica que o movimento surgiu a partir do trabalho voluntário iniciado em 2016, quando grupos locais começaram a construir trilhas ecológicas e de mountain bike na Flona, transformando-a no maior sistema de trilhas da modalidade dentro de uma unidade de conservação no Brasil.

Confira entrevista completa

Segundo ele, esse esforço contribuiu para democratizar o acesso e promover a conservação ambiental.

“A Flona está cercada por cerca de um milhão de habitantes de regiões como Ceilândia, Taguatinga e Águas Lindas. Criamos um espaço aberto, democrático, que recebe cerca de 100 mil visitantes por ano para prática esportiva, lazer e educação ambiental”, destaca o líder.

O projeto de concessão prevê cobrança de ingresso, com preços iniciais de cerca de R$ 10 para a Flona e mais de R$ 40 para a Água Mineral, além de cobrança por estacionamento. Segundo o líder do movimento, o contrato não obriga a concessionária a garantir acesso gratuito que respeite as formas tradicionais de visitação, como piqueniques e encontros familiares.

Foto: Ministério do Meio Ambiente

“Há o risco de exclusão social, pois o aumento dos preços e a cobrança poderão impedir o acesso de grupos escoteiros, atletas, idosos, grupos religiosos e pequenos empreendedores que hoje utilizam o local para suas atividades diárias”, alerta Machado.

Outro ponto crítico é a restrição do benefício da meia-entrada, que hoje atende estudantes de todas as modalidades. O novo contrato limita esse direito a alunos do ensino básico em escolas públicas, excluindo universitários e estudantes de escolas particulares.

O movimento reúne diversos grupos da sociedade civil e tem promovido atos públicos, além de uma petição online para barrar a concessão. Machado destaca que a luta não é pessoal, mas baseada nos direitos constitucionais ao lazer e à proteção ambiental. “Queremos preservar uma das maiores experiências de educação ambiental de Brasília, construída pela comunidade, e garantir que a visitação continue aberta e acessível para toda a população do DF e entorno.” disse

Principais preocupações da comunidade com a concessão

  1. Fim da meia-entrada na Água Mineral para moradores do DF e entorno, excluindo cerca de 4,2 milhões de pessoas que veem o local como referência histórica de contato com a natureza.
  2. Restrição da meia-entrada para estudantes, ferindo um direito consolidado e fundamental para a juventude.
  3. Fim da gratuidade para maiores de 60 anos e crianças até 12 anos, prejudicando quem mais precisa em termos de saúde, formação e renda.
  4. Cobrança de ingresso na Flona, que desconsidera a participação histórica da comunidade na construção das trilhas ecológicas.
  5. Cobrança pelo estacionamento em locais de difícil acesso por transporte público, aumentando o custo para visitantes e limitando o acesso.
  6. Impacto negativo para grupos sociais que usam o local, como escoteiros, atletas, ciclistas, caminhantes e moradores locais.
  7. Prejuízo aos pequenos empreendedores locais, guias e condutores, devido a preços elevados e ao monopólio da concessionária.
  8. Limitação do passaporte anual ou mensal a um total de 2.000 ingressos durante 30 anos, o que representa uma média de apenas 67 ingressos por ano, insuficiente para atender a demanda da população.

A petição pública está disponível nos perfis @caminhadasbrasilia e @movimentocpc no Instagram.

Texto por Mayara Mendes
Entrevista por Ana Luiza Moraes

Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira


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