Quarto lugar na prova de marcha atlética nos jogos do Rio, Caio Bonfim, de 25 anos, nascido na cidade de Sobradinho, ainda comemora o resultado. Ele chegou perto de aumentar o quadro de medalhas para o Brasil: ficou em quarto lugar. Apesar de não ter obtido o bronze, a colocação representou vitória, já que na Olimpíada de 2012, em Londres, Caio havia sido classificado em trigésimo nono (confira entrevista que fizemos na época). “É difícil colocar em palavras esse sentimento de jogos olímpicos, ainda mais tendo a participação que eu tive, ser quarto colocado. É claro que ficou um gostinho amargo de não ter conseguido a medalha, mas eu não posso deixar de reconhecer todo o esforço, todo o trabalho e a conquista que eu consegui”, disse.
O reconhecimento veio, ainda que na falta da medalha. O preconceito com a marcha atlética, no entanto, permanece. “Não teve nenhum dia em que eu saí para marchar e que não fui xingado”, desabafa. O jovem, filho da também campeã de marcha atlética Gianetti Bonfim, se diz acostumado com os olhares e comentários. “Tem realmente um preconceito. Mas eu sou acostumado com isso, minha mãe já chegava em casa falando essas coisas. Então, eu sabia onde estava entrando”.
Gianetti, além de mãe e assessora, é treinadora de Caio. A atleta foi oito vezes campeã brasileira, e mesmo depois do fim da carreira, o apoio ao esporte continua. Junto com o marido, também treinador e pai de Caio, João Sena Bonfim, Gianetti fundou o Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO), na década de 1980. O clube é o primeiro de Brasília e atualmente apoia cerca de 150 esportistas. “De 1983 para cá, só atletas olímpicos a gente já formou quatro. Mas nós já tivemos muitos atletas campeões brasileiros, campeões sul-americanos. Hoje, nós devemos ter uns 150. Eu penso que já passaram por aqui uns 500 mil meninos”, conta.
Confira mais sobre preconceito, rotina de treinamento e a experiência olímpica de Caio no vídeo a seguir.
Por Bruna Maury e Nabil Sami. Fotos: Nabil Sami