Imagine que você está em uma ilha tropical, sentado de frente ao mar, com uma bebida gelada na mesa ao lado e um notebook no colo. Existe uma parcela da população que ganha dinheiro dessa forma, conhecida como nômades digitais, que são pessoas que têm procurado por mudanças e instabilidade na vida. Tudo isso com muita segurança e responsabilidade. A nova geração de freelancers e empreendedores têm investido no mercado digital para realizar o trabalho. Desde vendas de roupas online, edição de vídeo e livros. Criatividade é o que não falta para essas pessoas que querem viver bem em qualquer lugar do mundo, sem precisar se prender a um escritório ou cidade. O mercado de freelancers cresceu rapidamente no Brasil. Segundo pesquisa do site Freelancer.com, de Sebástian Siseles, o mercado brasileiro, em 2012, era de 17 mil usuários e passou a ser 235 mil no ano passado.
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A iniciativa do casal Carolina Marques, de 26 anos, e Denny Serejo, de 25, do blog Na Palma do Mundo, é um exemplo de estilo de vida alternativo. Eles viajam pelo mundo há mais de um ano, morando um mês em cada país e trabalhando remotamente. O trânsito, o horário fixo, os escritórios fechados e a rotina são apenas alguns dos fatores que, unidos com a era digital, têm causado uma revolução no mercado de trabalho. Os jovens procuram empregos que apresentem flexibilidade, como freelancer, empreendedorismo digital, entre outros.
![Carolina e Denny conversaram com a Equipe ainda em Moscou](http://www.agenciadenoticias.uniceub.br/wp-content/uploads/2016/06/napalmadomundo3.jpg)
Geração Y
Além do desejo dos jovens de ter um trabalho livre de rotinas, a crise também influencia o crescimento de micro e pequenas empresas. Isso se deve ao fato de que ano passado, apenas no mês de maio, mais de 110 mil vagas de emprego foram fechadas. Assim, as pessoas vão à procura de maneiras alternativas de ganhar dinheiro. Segundo o site InfoMoney, as áreas de mais destaque para freelancers são a de programação, criação de sites, produção de artigos, traduções e marketing digital.
A maior parte dos nômades digitais pertence à geração de jovens nascidos entre as décadas de 80 e 90. Essa parcela da população nasceu já inserida na era digital. Doutor em História pela UnB, Pedro Ferrari, conta que essa geração Y, é “nativa digital” e isso acaba construindo uma relação diferente com o mundo. O especialista afirma que o filósofo Pierre Lévy explica no livro “Cibercultura” que a linguagem no mundo digital segue a ideia do hyperlink, ou seja, os jovens que nasceram no contexto de internet conseguem facilmente estabelecer conexões com diversos elementos. “A relação com o texto na internet é muito mais cubista e multifacetada, de hyperlinks. Você salta de um texto para outro, de uma referência para outra. Esse é um impacto dessa cultura digital na forma de dar sentido ao mundo, de se relacionar com o mundo”, explica o professor.
A multinacional Deloitte mostrou, em pesquisas anuais, como o comportamento frenético desses jovens tem afetado o relacionamento deles com o ambiente de trabalho. Grande parte dos jovens não pretende permanecer em um só lugar por mais de cinco anos, como pode ser visto no infográfico abaixo, com os dados da pesquisa desse ano:
Além de afetar as relações trabalhistas, a inquietude dessa geração também afeta as suas relações pessoais, como explica o professor e doutor Pedro Ferrari no áudio a seguir.
Histórias
A carioca Carolina e o matogrossense Denny são um casal que segue esse estilo de vida alternativo. Seus caminhos cruzaram em São Paulo e desde maio do ano passado estão conhecendo o mundo juntos. No momento da entrevista, Carol e Denny estavam morando em Moscou (Rússia), entretanto já estavam de mudança para Barcelona, no dia seguinte. O casal já passou por países como Letônia, Alemanha, Hungria, Sérvia, Bósnia, Croácia, República Tcheca, entre outros.
Eles contam que quiseram largar tudo por não estarem satisfeitos com o trabalho que realizavam. Carol era analista da área de trade finance, em um banco brasileiro e Denny trabalhava em um fundo de investimento, na área de desenvolvimento.
“Queríamos a liberdade e a flexibilidade de poder trabalhar como e onde quiséssemos, sem ter que ir para um escritório todos os dias. Quando descobrimos que existia essa vida de nômades digitais e que poderíamos trabalhar remotamente de qualquer lugar, começamos a investir nessa carreira de freelancer e fomos atrás de clientes, paralelamente, enquanto ainda mantínhamos nossos empregos normais”, diz Carolina.
Atualmente, Carol trabalha com tradução e produção de conteúdo e Denny com programação. Assim, os dois trabalham remotamente, podendo se mudar a qualquer momento, sem nenhum prejuízo financeiro. O casal afirma que só pretendem parar de se mudar e viajar, frequentemente, quando tiverem filhos. Apesar disso, pretendem continuar trabalhando em casa.
O casal Manoela e Matheus também vivem como Nômades Digitais. Eles possuem um Instagram chamado Blog We Love. Manoela conta um pouco da história do Instagram e como a crise tem influenciado em seu trabalho no vídeo a seguir:
Por Ana Luiza Noronha
Fotos: arquivo pessoal
Vídeo: Ana Luiza Noronha
Arte: Ana Luiza Noronha