Roteiro de brasiliense é premiado em 6 festivais internacionais e selecionado em 18

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O roteiro para um piloto de série de televisão, feito por um professor de Brasília, foi selecionado em 18 concursos e festivais internacionais, em três continentes. Só em 2017, “Michelângelo”, pensado e escrito por Roberto Lemos, foi ganhador do Amsterdam Internacional Film Festival e do Los Angeles Film & Script Festival, além de ser finalista no Oaxaca FilmFest e no Madrid  International Film Festival. Ao todo, foi premiado em seis festivais internacionais.

“Michelângelo” aborda a história de um cientista que consegue mandar mensagens para o passado. Completamente desanimado com o caminho que a evolução humana tomou, sua ideia é enviar textos para Aristóteles mostrando os rumos que a humanidade seguiu. “Ao invés de mandar textos dele próprio, ele vai pegar textos de outros pensadores que sucederam Aristóteles para tentar antecipar muito do nosso pensamento sobre a humanidade e talvez evitar uma série de guerras”.

As questões das relações do espaço-tempo estão presentes na história. Com a mudança do passado, o presente não é igual a antes, muito menos as pessoas. “Essa é a tensão científica da história, mas a tensão moral se evidencia mais”. Roberto considera sua história um gênero híbrido de ficção científica, drama e thriller – que ele considera que seja a classificação mais adequada. Mas, no final, é o viés humanista que se sobressai.

“O objetivo da história é trazer uma reflexão bem universal sobre as diferenças nas sociedades, as desigualdades sociais. É uma história que vai trazer muito questionamento se valeu a pena toda a evolução que a gente teve. No final das contas, valeu a pena?”

Foram, no total, seis meses de processo, entre escrita e reescritas com a colaboração de muitas pessoas. “Foi tanto tempo pensando na história que, quando sentei para escrever o primeiro tratamento, foi coisa de uma semana. Depois disso, foram dois meses reescrevendo”.

Roberto buscava o retorno do andamento da história com diferentes pessoas, entre elas, diferentes especialistas. Como se trata de um roteiro para uma história de narrativa complexa, o professor e publicitário teve uma dificuldade em encontrar referenciais. Foram nessas horas que o trabalho coletivo com as pessoas que ele buscou para opinar sobre o roteiro o ajudou a não se perder no desenvolvimento dos personagens e da trama.

“Se eu não tivesse tido esse retorno, a história teria sido outra. É muito fácil para você escrever e imaginar que está tudo perfeito e está todo mundo entendendo. Na hora que as pessoas leem e mostram dificuldade em compreender, aí é que você vai ver que ‘tinha um furo ali, nem reparei’”.  Nesse caminho de mudar o roteiro e testar as diferentes sugestões, ele acredita que reescreveu a história, pelo menos, trinta vezes.

O circuito de participação em festivais e concursos foi ainda mais longo que o processo de criação: já dura onze meses. Roberto não esperava receber tantos prêmios e chegar a tantas finais. “Foi uma surpresa. Eu não via esse potencial no roteiro porque eu não sei avaliar. Eu sou um publicitário e como publicitário eu já fiz roteiros, mas de cunho publicitário e institucional”.

Michelângelo já recebeu três prêmios, ficou em segundo lugar no concurso de Cannes e finalista em três festivais, entre eles o Oaxaca, que contava com cerca de 1200 concorrentes

O sucesso do seu roteiro traz novas perspectivas para a carreira do professor. Os prêmios que já recebeu o tiram do anonimato e o ajudam a criar uma rede de contatos em um setor que ele não estava habituado. “O que começou como uma ideia apenas de ter um trabalho diferenciado no meu portfólio, hoje eu diria que já começo a avaliar como uma oportunidade de investir em uma carreira no futuro”.

Produtoras já entraram em contato com Roberto para buscar entender o roteiro e mostram interesse em transformar “Michelângelo” em um produto para televisão. “Estou começando a conversar e a entender esse mercado. Mas ainda não tem nada firme. É o começo ainda”.

Se ele tem algum receio da adaptação do seu roteiro para a tela, não sabe ainda dizer. Novo nesse mercado, o publicitário ainda não analisou os cenários. Mas, com todo o processo de colaborações na montagem do roteiro, Roberto aprendeu que toda contribuição é bem-vinda, inclusive se acontecer alguma mudança para a televisão.

“Eu estou assim: não tinha expectativa sequer de ganhar um prêmio com isso. Já estou no lucro”.

Por Larissa Lustoza

Sob supervisão de Katrine Boaventura e Luiz Claudio Ferreira

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