Tempos perigosos: filme “Godzilla vs Kong” traz embates também entre humanos

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No mundo animal, quando dois ‘alfas’ estão no mesmo território eles duelam até sair um vitorioso. Essa é uma ideia que sobressai no filme “Godzilla vs Kong” (2021), dirigido por Adam Wingard e produzido pela Warner Bros. O longa se propõe a entregar um filme de briga entre dois ‘alfas’, em um universo de monstros.

Confira o trailer do filme Godzilla vs Kong

Na história, Godzilla ataca a cidade onde está instalada a empresa de tecnologia multibilionária “Apex Science”. Ao atacar a cidade, o titã modifica seu padrão de aparecer apenas quando a Terra está ameaçada, tornando-se uma ameaça para a humanidade.

Diante disso, uma equipe liderada pelo doutor Nathan Lind se encarrega de encontrar uma fonte de energia capaz de criar uma arma para derrotar o réptil.

Juntamente com a doutora Illene Andrews, eles optam por levar King Kong, que estava sendo escondido para não atrair Godzilla, em uma missão para encontrar essa energia. Do outro lado da história, desconfiados da abrupta mudança do titã réptil, dois adolescentes e um adulto investigam a empresa.

Os humanos entre Kong e Godzilla


Apesar do núcleo humano da história reforçar constantemente que King Kong e o Godzilla precisam se manter distantes para não entrarem em conflito, causarem grandes estragos e, ocasionalmente, possíveis vítimas, o maior anseio do público é ver esta disputa.

O roteiro transita entre os arcos envolvendo os humanos que têm alguma relação com os titãs. A ênfase de Kong é exploratório e tem como personagens principais os cientistas, além de Jia, uma criança que desenvolve uma forte ligação afetiva com o primata.

Já o arco narrativo de Godzilla é investigativo, focado nas personagens Bernie, Madson e Josh. Enquanto o primeiro núcleo de humanos desenrola a história de forma mais expansiva, o segundo é usado como facilitação narrativa para explicar as ações de Godzilla.  

Kong é o rei do filme

Apesar dos cartazes e do trailer enfatizarem a força e potência de ambos os adversários, King Kong pode ser considerado o protagonista da obra. Por escolhas narrativas, o primata está praticamente sempre presente em seu núcleo da história, ao contrário de seu principal adversário, além dos efeitos visuais simularem expressões muito evidentes de seus sentimentos.

A vantagem fisiológica da semelhança do rosto de um macaco com o rosto de um humano, a situação de ‘prisioneiro’ do personagem e seu relacionamento com a personagem Jia resultam em simpatia e carisma ao personagem.

O marketing do filme vende uma árdua batalha entre os monstros, mas Godzilla possui poderes além de sua força física. Para igualar Kong a seu adversário, o roteiro trouxe tantos atributos ao personagem que o deixaram, mesmo que não propositalmente, como o verdadeiro protagonista da obra.

Música e cores de destruição

A trilha sonora do filme não é memorável, mas é eficiente. Na paleta de cores se destaca cores quentes e vivas, muito usadas para reforçar explosões ou cenas de batalha, e tons de azul, com foco no azul neon usado para representar (e, de certa forma, engrandecer) os poderes de Godzilla. As cores separam os arcos humanos, nos quais as cores quentes são marcadas nas aparições de Kong enquanto o arco de Godzilla foca no azul; a obra também usa muitas cores neons, especialmente para reforçar a alta tecnologia da Apex e parte da luta entre os protagonistas.

Somado à opção cenográfica, a fotografia do filme privilegia os efeitos especiais. A criação dos monstros é convincente e detalhada, especialmente quando a câmera se posiciona em close up (método usado no cinema para enfatizar as expressões de personagens). Além disso, a luta entre os monstros é criada na pós-produção do filme, dando maior liberdade para os responsáveis pelos efeitos visuais serem detalhistas e cuidadosos.

O filme não apresenta surpresas ou reviravoltas. O roteiro procura constantemente demonstrar como as missões dos dois núcleos são difíceis, mas após a primeira dificuldade não demoram para desenvolverem soluções pouco (ou nada) complexas, diversas vezes evidenciando furos no roteiro.

A par das claras referências aos filmes solos dos titãs, a história funciona sozinha o que não prejudica quem não assistiu às obras anteriores. Apesar de tudo isso, é uma experiência divertida, desde que não hajam muitas expectativas.

Assim como filmes como “Batman vs Superman” (2016), o maior incentivo de assistir à obra é ver uma briga acirrada entre dois personagens relativamente famosos (que fazem parte do mesmo universo) e queridos por seus fãs.

O filme cumpre seu papel em ser uma experiência visualmente agradável, divertida, empolgante em alguns momentos e oferecer ao público as cenas pelas quais eles esperavam. As disputas não possuem tanto tempo de tela mas são bem divididas, tentando instigar o público a querer mais conflitos

O filme está disponível nas salas de cinema de todo Brasil e para os assinantes da nova plataforma de streaming HBO Max, que chega no Brasil em junho de 2021. Todo o catálogo da Warner Bros seguirá a mesma trajetória de lançamento neste ano. A classificação indicativa é de 12 anos. Os cinemas exigem entrada nas salas com o uso de máscara e distanciamento entre as cadeiras, com sessões reduzidas.

Ficha técnica do filme:

Elenco: Jessica Henwick, Eiza González, Millie Bobby Brown, Alexander Skarsgård, Rebecca Hall, Lance Reddick, Kyle Chandler, Ziyi Zhang, Demián Bichir, Brian Tyree Henry

Roteiro: Eric Pearson, Max Borenstein

Direção: Adam Wingard

Por Gabriela Gallo *
* Assistiu à pré-estreia do filme a convite da Espaço/Z

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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