Artesãos lucram pouco com produtos reciclados

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Palha de milho, cana moída, fibras. O que era lixo vira arte pelas mãos da artesã Ana Maria Romeiro.  Ela trabalha com materiais reciclados na cidade de Recanto das Emas, no Distrito Federal. São dez horas  de trabalho por dia, há 16 anos. Ana Maria trabalha com mais três artesãos, entre eles o marido e o cunhado. A artista recebe em média R$ 700 por mês. “Dá pra cada um tirar um salario mínimo aproximadamente”. Em datas comemorativas, a renda mensal aumenta.

A artesã transforma o que era lixo em papéis que são vendidos no comércio. Ana Maria conheceu o trabalho de reciclagem de palha no Museu Vivo da Memória Candanga.  Ela ressalta que os produtos que desenvolve interessam um público muito específico. “Ele (trabalho manual) sempre é mais demorado, mas em compensação é um trabalho especial, pra uma camada pequena da sociedade que admira esse tipo de trabalho”.

Jorge Ribeiro também é artesão e acredita que falta conhecimento e divulgação do trabalho com esse tipo de material. De acordo com ele, esse não é um problema só de Brasília, mas nacional. “Hoje o mercado da reciclagem ‘tá’ em queda livre mesmo”.

Ribeiro acrescentou que um artesão precisa ter mais de um emprego para ter renda suficiente. Segundo o profissional, a reciclagem ainda é um produto novo, apenas grupos restritos conhecem e se interessam pelos trabalhos desenvolvidos, o que influencia nas vendas. “Eles (os artesãos) não conseguem viver só do artesanato, eles têm que ter um trabalho extra”.

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O empresário na área de reciclagem Uriel Alves concorda que o mercado é pouco abrangente. Segundo Alves, o setor está em crise, faltam doações, e o material utilizado tem sido apenas de coletas. “Aqui nós fazemos só capital, praticamente o lixo que ‘tá’ espalhado na rua, preparamos e levamos para a indústria. A verdadeira recicladora é a indústria, não somos nós não”.

Jorge Ribeiro ressaltou que falta apoio do governo, como exposições e divulgação do trabalho. Mas afirmou que a coleta seletiva aumentou em 5% o material. O profissional reforçou que falta divulgação do trabalho. Para ele, há o conhecimento da produção do material, mas nem todas as pessoas sabem onde comprar ou incentivam o trabalho. O Sistema de Limpeza Urbano informou que recolhe 2,7 mil toneladas de lixo por dia, totalizando 70 mil toneladas ao mês.

Por Jade Abreu e Ana Carolina Alves 

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