Greenmeeting – O subsecretário Políticas de Resíduos Sólidos do Distrito Federal, Paulo Celso Gomes, manifestou dúvida quanto o fechamento do Lixão da Estrutural e o início do funcionamento do Aterro Sanitário do Distrito Federal, antes dos jogos de 2014. “Antes de Copa do Mundo não sei se vamos conseguir; não sei qual é o problema, pois temos o projeto e temos o dinheiro e a questão do licenciamento já foi resolvida”, afirmou Paulo, durante palestra no primeiro dia do II Encontro Verde das Américas. Na visão de Paulo, o Brasil não sabe o que fazer com o lixo e nunca soube e Brasília não é exceção, pois não tem aterro sanitário e mantém, hoje, o maior lixão a céu aberto do país.
“O Lixão da Estrutural é uma montanha de lixo artificial de 40 metros de altura, perto do Parque Nacional”, enfatiza o subsecretario para mostrar que, mesmo quando fechado, o Lixão da Estrutural representará um passivo ambiental de 30 milhões de toneladas de lixo, que já contaminou o subsolo. Segundo ele, “estudos da Universidade de Brasília (UnB) apontam uma contaminação cruzada nos lençóis freáticos em relação ao Parque Nacional”.
Enquanto o aterro sanitário (obra de engenharia sanitária que diminui a propagação de gás metano e evita a contaminação do subsolo por chorume) não sai do papel, Brasília convive com as degradantes condições de trabalho dos catadores de material reciclado que sobem na montanha de lixo tão logo os 200 caminhões que circulam diariamente pela cidade descarregam a carga no Lixão da Estrutural. “Quatro catadores morrem por ano em Brasília realizando esse trabalho”, disse Paulo, esclarecendo que esses trabalhadores estão prestando um serviço ambiental ao Distrito Federal, pois retiram lixo do lixo.
Paulo explicou que há um projeto do Governo do Distrito Federal para pagar o serviço ambiental que o catador presta à cidade, realizando a inclusão social de três mil e 500 catadores, inclusive com o fomento à criação de áreas, como galpões, para realizar a triagem e comercialização. Hoje, 5% da coleta é seletiva e é realizada pelos caminhões especiais que levam os materiais direto para as cooperativas. Lá o material sofre apenas triagem (separação e às vezes prensa) depois é vendido para atravessadores (que prensam, muitas vezes) e comercializam para os centros de reciclagem.
“Brasília não recicla nada, só faz triagem e vende para o atravessador que comercializa para São Paulo e Belo Horizonte”, explicou Paulo. Ele disse ainda que metade do lixo brasileiro é orgânico, uns 35% é lixo seco e pode ser reciclado e que os 15% restantes devem ser enterrados de acordo com as normas sanitárias ambientais. “Curitiba tem a melhor gestão de lixo e não chega a reciclar 15% dos 35% possível, e se a reciclagem contar apenas trabalho humano não passa de 10%”, explicou Paulo, enfatizando que o lixo orgânico vira adubo em 72 horas. A capital do Brasil vai precisar de 120 milhões de reais para abrir o aterro sanitário e colocá-lo em prática. Apenas 200 possuem aterro sanitário dentre os cinco mil 570 municípios brasileiros.
Greenmeeting é o nome do XII Encontro Verde das Américas, que foi realizado no Museu da República, em Brasília, nos dias 21 e 22 de maio de 2013.
Por Mônica Prado e Regina Arruda (estudante de jornalismo), Agência de Notícias UniCEUB