Destruição do Cerrado e mudanças de habitat ameaçam abelhas

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No mundo, existem registradas 20 mil espécies de abelhas, sendo mais de 1000 somente no Cerrado. Elas estão ameaçadas.

Segundo dados publicados recentemente pela MapBiomas, um levantamento do Observatório do Clima, o Cerrado é o bioma mais desmatado do país, e, por isso, com mudança radical de habitat. Isso interfere diretamente na presença dessas polinizadoras naturais, que são as abelhas.

De acordo com dados da Embrapa, elas são responsáveis por 90% da polinização de flores e mais de 70% de plantações de alimentos.

Segundo o apicultor Bruno Uchoa, esse impacto altera-se de acordo com o cultivo. “A gente tem alguns cultivos que ela vai trazer uma melhora de 4% a 5%, e outros vai trazer um aumento de produtividade de 20% a 30%, tipo o café e a laranja. E já tem outros que são bem mais impactantes. Por exemplo, o girassol, que é plantado para produzir o óleo, aumenta 300% a produtividade. Abacate aumenta 800%”, explica o meliponicultor e apicultor Bruno Uchoa.

Para se ter uma ideia, a pesquisa da MapBiomas também aponta que, de 1985 a 2022, o Cerrado perdeu 25% da sua vegetação, restando somente 53% da área nativa.

Foto: Agência Brasília

Por conta dessas mudanças de habitat e climáticas, todo o clima se torna desregulado. Com as chuvas mais intensas e prolongadas e épocas de seca mais rigorosas, todo o processo de desenvolvimento e preparo das abelhas acaba sendo afetado.

O mel produzido pelas abelhas é o alimento delas, e sempre são produzidos numa quantidade acima do necessário para que haja uma reserva para períodos de escassez.

Bruno Uchoa explicou que essa irregularidade do clima impacta diretamente nessa preparação porque momentos de escassez, como os de chuvas intensas e de secas, as reservas de mel produzidas podem acabar antes mesmo da escassez, fazendo com que as colônias vão definhando até a morte das operárias e da rainha. 

“Como choveu demais esse ano, então teve um certo período que tive que entrar com recurso na alimentação das abelhas. Então tem que fazer xarope mesmo, de água com açúcar, e botar lá nas caixas para elas poderem se manter. Porque se não, definham e morrem mesmo”, afirma Bruno Uchoa.

Ele diz que antigos produtores testemunham que isso não precisava ser feito. “Não existia isso de ter que alimentar a abelha. Porque a abelha é um bicho que produz o próprio alimento”, né? Ela não precisa da gente”, conta Bruno. Ele atribui a mudança ao clima mais quente, à perda do cerrado por desmatamento e fogueiras clandestinas.

Em um estudo publicado na revista Science, é apontado que “a probabilidade de uma população de abelhas sobreviver em qualquer local diminuiu 30% no decorrer de uma única geração humana. Os pesquisadores dizem que as taxas de declínio parecem ser ‘consistentes com uma extinção em massa’”.

Por Iago Mac Cord

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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