Enquanto as maiores cidades brasileiras mantêm trânsitos engarrafados, a Europa amplia campanhas para que a população seja cada vez mais adepta de ônibus, metrô e alternativos, como a bicicleta. Prova disso é que a cidade de Estrasburgo, na Alsacia (França), sedia até o dia 22 a Semana Europeia da Mobilidade a fim de incentivar o transporte público. Na 15ª edição, a Agência de Meio Ambiente e Gestão de Energia (Ademe) busca incentivar a população a dar preferência ao transporte público, além de promover exposições sobre o impacto da poluição na saúde e no meio ambiente.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) anunciou neste ano que a poluição do ar mata aproximadamente sete milhões de pessoas por ano, e ressalta que a queima de resíduos a céu aberto é uma das principais causas da poluição. Entretanto, o Brasil recebeu destaque pela ampliação de redes de transporte público principalmente depois dos eventos internacionais como a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos, neste ano.
A pesquisa aponta que de 2008 a 2013, a poluição nas áreas urbanas nas grandes cidades aumentou em 8%. Além disso, 80% da população que vive em área urbana é exposta a níveis de qualidade do ar que estão abaixo dos limites de segurança da Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, as energias renováveis representam, pela primeira vez, a maior parte de geração elétrica em todo o mundo.
A página do governo francês da região administrativa de Alsacia divulgou nesta semana que a partir de 2017 um novo mecanismo irá facilitar a identificação de veículos menos poluentes em Paris. Trata-se de um adesivo com a palavra Crit’Air que certifica a qualidade do ar. O decreto nº 2016-858 de junho deste ano já determina que todos os carros sejam identificados com o quanto contribuem para a emissão.
A pé
Para encerrar a Semana da Mobilidade, Estraburgo, capital da Alsacia, irá sediar a conferência pública “Geotérmica”, no Palácio Universitário. A cidade foi escolhida devido ao grande potencial e investimento na energia geotérmica e irá contar com a presença do vice-presidente de Estrasburgo Alain Jund, diretor da Escola e Observatório de Ciências da Terra (EOST), Frédéric Masson, entre outros atuantes da área e de outros países.
A prefeitura da cidade calcula que aproximadamente 532 mil trajetos são diariamente feitos a pé. Entretanto, o incentivo continua, pois 25% das viagens com menos de um quilômetro ainda são feitas de carro. A cidade possui ciclovias expressas, sistema municipal de aluguel de bicicletas e metrô que atinge todas as regiões.
Elliot Servane, 20 anos, conta que diariamente utiliza a bicicleta para locomover-se na cidade, e que é um incentivo comum no país, que os pais ensinam desde a infância. De acordo com Elliot, quase todo mundo vai para a faculdade de bicicleta. A quantidade na frente dos prédios já fala por si só. “Usamos muito o ‘tram’ (metrô de superfície) para trajetos maiores e carro apenas quando o tempo está muito ruim. Até para voltar das festas usamos bicicleta”, explica.
Daniella Bazzi, de Estrasburgo, especial para Agência de Notícias UniCEUB