Cavalos geralmente são lembrados em corridas, saltos e sempre muito agitados. Porém, para a equoterapia, os animais são agentes fundamentais, e, por isso, muito experientes. Estão em hípicas públicas e privadas cavalos ex-competidores de provas de hipismo (que testa maestria) e de tambor (velocidade). A terapia promove melhor qualidade de vida para pessoas com deficiência. Para essa dupla (animal e praticante) dar certo, o cavalo deve ser bem preparado, ter um perfil adequado e ser tratado com carinho.
Os grandalhões que fazem parte da equoterapia são bem selecionados para poderem responder melhor aos treinamentos feitos, e proporcionar aos praticantes o máximo das sensações e benefícios que cada um necessita. Normalmente os equinos de Equoterapia são cavalos mais velhos, incluindo ex-competidores de provas “Eles são mais tranquilos, mais dóceis e aceitam melhor o tipo de serviço que precisa ser feito”, explica a médica veterinária Isabella Abritta (foto acima).
Segundo os treinadores, os animais devem ser acostumados a toques, a pessoas próximas, e também a movimentos bruscos e objetos como bambolês, bolas e chocalhos em sua volta. Outro ponto que conta na hora da escolha do cavalo é o nível de treinamento que teve durante a vida. “Eu analiso muito na hora de fazer a escolha principalmente se o cavalo teve algum trauma antigo”, explica a zootecnista Katharina Metzler (na foto acima).
Como os animais são mais velhos, requerem cuidados e dedicação diferenciados para notar os seus limites. “Na maioria das vezes utilizamos animais aposentados de competições ou com idade avançada. Mas é muito importante que eles não manquem, e não tenham movimentação desigual dos membros e dores”, explica a profissional. Eles também devem ser mantidos em boas condições de higiene, para evitar doenças e para o bem estar e segurança dos praticantes. O custo para manter um cavalo com saúde, não é barato. O fazendeiro Pedro Silva afirma que, em média, os gastos com os cavalos variam de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil por mês. “Uma embalagem de torrões de açúcar com 1 quilo, custa R$ 20. As consultas no veterinário para fazer a retirada do tártaro, que é comum nos cavalos, custa em média R$ 350”, explica Pedro.
ALIMENTAÇÃO
Sobre a alimentação dos cavalos da Equoterapia, a veterinária Isabella Abritta afirma que os animais devem comer ração e feno, dividido em três tratos, geralmente misturando a ração com feno ou capim. O tratador Marcelo Viana (na foto) relembra que os animais mais velhos precisam focar bastante na alimentação porque o principal problema é a perda de peso com a idade, então a ração deve ter mais proteínas e ser de melhor qualidade. A veterinária Isabella Abritta alerta que maçãs e cenouras são somente petiscos.
CUIDADOS
Marcelo Viana reforça que não podemos deixar os animais de lado e dar atenção só para os praticantes, para uma boa desenvoltura todos devem ter a atenção e cuidados.
PAIXÃO
A zootecnista e psicopedagoga Katharina Metzler define os cavalos como: trabalho, vida e paixão. Metzler fala que os cavalos precisam de compreensão, e o homem precisa conhecer os limites do animal. “Eu converso com eles, eu escuto o que eles me dizem por sua comunicação corporal. Procuro entender como eles se sentem”, relata Katharina.
Para o apreciador de cavalos e tratador, Marcelo Viana, o bicho é um amigo fiel. A única diferença entre cachorro e cavalo, é que o primeiro escolhe o dono, já o cavalo escolhe a pessoa que cria vínculo. Além é claro de o animal estar presente na vida do jovem desde pequeno “Ele já me proporcionou grandes momentos, como viagens e amigos. O cavalo só tem a agregar coisas boas em nossas vidas”.
DUPLA ESPECIAL
Quem está em cima do cavalo requer muita atenção e carinho. O cavalo ajuda muito as crianças, segundo a psicóloga Flávia Mileia, instrutora de Equoterapia. “Os movimentos do cavalo são semelhantes ao andar humano. Durante o deslocamento do animal, a pessoa que está realizando o exercício recebe de 1.800 a 2.200 estímulos cerebrais.”
Rafael (na foto acima), 3 anos, é autista, e no mês de outubro realizou sua segunda aula. A instrutora de Rafael cita que, como ele não possui problema de locomoção, o foco para pessoas com o mesmo diagnóstico é mais para desenvolver a comunicação. Os exercícios realizados são para ocupar suas mãos e não ficar se comunicando somente com gestos (característica do autismo): como jogar bola e segurar no cavalo enquanto anda.
Igor, 4 anos, possui Síndrome de Down e está em seu terceiro ano praticando a Equoterapia. Flávia acompanha Igor desde o inicio e relata que, quando iniciou o tratamento, não possuía o controle do corpo. “Porém, em poucas aulas, com o estímulo que o cavalo faz, ele já foi aprendendo a firmar o corpo”.
Por Juliana Gonçalves