Jornalista ambiental diz que maior desafio é vencer “narrativa da desinformação”

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“Nós estamos em um momento de crise, mas ela não é recente. Não é dos últimos dois anos que a gente vem falando dela”, explica Gisele Neuls, diretora da Matiz Caboclo, agência de comunicação especializada em meio ambiente, ao se referir as tragédias ambientais recentes.  Chamada de emergência climática, a situação atual não se trata mais apenas de mudanças climáticas. “Mais que mudanças climáticas, nós já estamos vivendo uma emergência. Ela se deve a uma gama muito grande de fatores e variáveis que afetam todo o planeta”, explica a pesquisadora. Um problema para os comunicadores, segundo ela, é vencer a narrativa da desinformação.

A profissional também pontuou que a principal dificuldade de quem trabalha na área é tentar atrair para temas complexos. “A gente trata de um assunto altamente técnico e especializado, a gente trata de um assunto complexo, não é fácil traduzir essa mensagem para as narrativas populares e principalmente não é fácil fazer isso quando a gente tem escrúpulos na hora de fazer a comunicação. A gente preza a ciência, a precisão, a informação correta”, finalizou Gisele, que trabalha há 20 anos com temas sociambientais.

Em um debate transmitido e promovido por professores e estudantes do Centro Universitários de Brasília (UniCEUB), nesta última quarta-feira (21), organizado e mediado pela professora de comunicação Mônica Igreja, Gisele Neuls chamou atenção aos alertas que vinham sendo dados desde 2007 a respeito de possíveis eventos extremos. “Não é uma crise nova. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) já em 2007, no resumo executivo da versão de 2007, previa eventos extremos e nós não agimos o suficiente. Estamos vendo esses eventos extremos”, enfatiza a jornalista.

Gisele Neuls é diretora da Matiz Caboclo, agência de comunicação especializada em meio ambiente

A diretora do Matiz Caboclo acrescentou que, desde 2012, as organizações que trabalham com a bandeira do desmatamento zero, ou que visam parar com o desmatamento ilegal no país, alertam sobre as tendências de aumento dessa atividade. “E os números números que nós estamos vendo nos últimos 2 anos (ano passado e esse ano) superam e muito o que a gente já vinha alertando”, acrescentou Gisele.

De acordo com a profissional, as queimadas também não são uma surpresa. A jornalista explica que foi alertado que o ano de 2020 seria de extrema seca, e que seria necessário se preparar para uma estação de fogo que pudesse sair do controle. “E, novamente, nada foi feito. O resultado está ai”, lamenta Gisele.

Sobre a pandemia e a questão das comunidades indígenas, onde o índice de contaminação e a letalidade do vírus preocupa especialistas, a pesquisadora relembra o trabalho feito por quem trabalha com as comunidades.  “Eles alertavam que a covid-19 iria atingir fortemente esses povos se medidas não fossem tomadas, e elas não foram e agora a realidade é essa. É gravíssimo o índice de contaminação e a letalidade do coronavírus nesses territórios”.

Assista na íntegra o debate com Gisele Neuls: 

Por Mayra Christie
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

 

 

 

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