Meio ambiente: conheça brasilienses que escolheram viver bem próximo ao cerrado

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Para eles, lidar e falar de natureza não é apenas atividade para dia do meio ambiente (5 de junho) ou de um período específico. O contato direto com o cerrado e o afastamento momentâneo da correria do dia a dia são atrativos para moradores do Distrito Federal que buscam endereços alternativos “no meio do mato”.  Sem deixar de se preocupar com a preservação do local onde mora, o engenheiro Ricardo Do Monte Rosa, proprietário de um complexo de chalés, aluga espaços localizados em área verde no Núcleo Rural Córrego do Jerivá, próximo ao Varjão. “A ideia era ter um hotel para as pessoas em um lugar pleno de natureza que eu já conservava há muito tempo”, explica.

Ricardo Rosa lembra que chegou a plantar mais de seis mil árvores das quais cerca de 1,5 mil cresceram. O objetivo é que essas árvores possam atrair animais típicos desse habitat com os seus frutos e também reflorestar a área do Núcleo Rural Córrego Jerivá que soma um espaço equivalente a 10 campos de futebol. “É um trabalho muito extenso de conservação. Estou desenvolvendo projetos de replantio de espécies nativas”.

Outra forma de atuação em prol da natureza do engenheiro é fazer eventos abertos ao público como palestras e oficinas. “A gente agora vai fazer também o plantio das sementes usadas na oficina de comida viva”, afirmou. As oficinas também são voltadas para a saúde. “É uma área que privilegia a parte ambiental, mas também para a saúde de cada pessoa”, comenta.

“Eu acho que quando as pessoas conhecem, elas se conscientizam”, afirma.

A professora de ioga Teresa Milanez é uma das moradoras do mesmo local há 21 anos. “Quando eu sinto o cheiro da terra, me sinto bem.”

Confira entrevista abaixo.

O aspecto econômico

O espaço verde dentro das cidades são áreas de grande importância ambiental e econômica. Essas áreas, consideradas Unidades de Conversação do Distrito Federal, somam 21 centros que são divididos em áreas “protegidas integralmente” ou de “uso sustentável”, coordenadas pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Segundo o professor de engenharia ambiental Anderson Marcos, os espaço verdes dentro da cidade estão diretamente atrelados à alta qualidade de vida da população que ali vive. “Se avaliarmos economicamente essas áreas, a tendências é que elas tenham uma avaliação econômica e ambiental mais alta. Além do paisagismo, que aumenta a qualidade de vida dos moradores”, disse.

Para Anderson, a explicação para que essas áreas tenham maior valor econômico é que alguns aspectos que aumentam a valorização imobiliária são mais presentes com área verde por perto, como um ar mais puro ou menor poluição visual e sonora. Além disso, o professor também explica que essas áreas cumprem com o seu papel ecológico, que podem funcionar como “corredores ecológicos”, ou seja, espaços de ligação entre áreas preservadas de grande extensão . “A função delas é permitir a ligação da fauna entre áreas de preservação que são próximos”, afirma o professor.

Marcos também comemora o fato de Brasília ter sido planejada para ser uma “cidade parque” e que conta com uma área verde considerável. “Quando você pega o Plano Piloto, nas próprias quadras há árvores e espaços que podem funcionar como corredores ecológicos”, explica. Ele também acrescenta que Brasília é “privilegiada por ter uma grande área verde”.

Fauna

Enquanto grupos tentam chegar mais perto da natureza, os animais sofrem os efeitos da urbanização acelerada que reduziu o bioma na capital. Segundo o biólogo Igor Morais, assessor de conservação e pesquisa aplicada do Zoológico de Brasília, o cerrado é o bioma mais ameaçado. Para ele, boa parte do avança da degradação do bioma é causado pelo grande avanço das cidades e das fazendas. “Isso afeta diretamente os animais. O cerrado é a casa deles. Se você tira a casa deles, eles não vão poder continuar a se reproduzir, cuidar de seus filhotes. A espécie não vai ter chance de ter continuidade”, explica.

Ele enumera três espécies do cerrado que estão ameaçadas de extinção devido à perda de habitat natural e à caça da espécie, seja por superstição (como no caso do lobo guará) ou por comércio. Dentre elas, animais como lobo-guará, ariranha e onça pintada são listadas como espécies em risco. “No passado, havia ariranhas espalhadas pelo Brasil. Hoje essa população desapareceu. Você só as encontra na região do médio e baixo Rio Araguaia”, lamenta.

Confira entrevista com Igor Morais:

O biólogo acrescenta que projetos do zoológico ajudam espécies de ameaçadas de extinção. Uma das ações deles é o tratamento dado a animais resgatados de incêndios e atropelamentos pela Polícia Ambiental. A ideia de receber esses animais é cuidar dos ferimentos deles e reinserir eles novamente na natureza. Outro projeto é possibilitar a reprodução de animais em situação de ameaça para poder reinserir a nova geração de animais novamente em seus habitat natural. No Zoológico de Brasília, 66 ariranhas nasceram por intermédio dos profissionais do lugar.

 

Por Bruno Santa Rita
*Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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