Número de espécies em extinção mais que dobrou em 12 anos, aponta relatório

COMPARTILHE ESSA MATÉRIA

Em uma década, o número de animais em extinção mais do que dobrou, conforme aponta o Relatório Nacional sobre Gestão e Uso Sustentável da Fauna Silvestre, divulgado nesta quarta-feira (27). O documento, que contém 700 páginas, foi elaborado pela Renctas, ONG sem fins lucrativos que luta pela preservação da biodiversidade. O material produzido, inédito no Brasil, contou com a colaboração de especialistas de 14 países e apresenta um diagnóstico preocupante da fauna silvestre. Além disso, escancara a ineficiência das políticas públicas adotadas e a necessidade de leis mais específicas para o setor.

CONFIRA AQUI O RELATÓRIO NA ÍNTEGRA

Segundo o coordenador geral da Renctas, Dener Giovanini, houve retrocesso na área ambiental. “Em 2004, tínhamos 600 espécies ameaçadas de extinção. Em 2016, esse número já subiu para mais de 1.200, algo que é muito preocupante”, destacou. O especialista aponta ainda que “a Floresta Amazônica é um local que merece atenção especial no que diz respeito à área desmatada, já que é o habitat natural de inúmeras espécies”.

Giovanini ressalta que o relatório deve ser visto como um ponto de partida para debater as políticas públicas na área ambiental. “Serve para disseminar o discurso. É um documento descritivo, raro, inovador e que servirá de referência. Precisamos discutir a biodiversidade assim como discutimos o futebol e a política”, afirmou.

Polêmica

Dener Giovanini (ao centro) explica problemáticas relacionadas à manejo da fauna
Dener Giovanini (ao centro) explica problemáticas relacionadas à manejo da fauna

Um dos aspectos mais polêmicos gira em torno da criação de animais em cativeiro como mecanismo de preservação. O coordenador de operações do IBAMA, Roberto Cabral, argumenta que, após a realização de operações ambientais no ano passado, o órgão constatou irregularidades nas informações fornecidas pelos criadores. Alguns deles, segundo Cabral, têm envolvimento com o comércio ilegal. “A gente tem visto que a criação, em alguns pontos, se alia ao tráfico. Há o incentivo à criação desses animais, já que muitas pessoas não têm condições de comprar um regularizado. Temos ainda uma condição mais perversa, que ocorre quando a criação legalizada serve para agregar valor ao animal capturado na natureza”.

O deputado José Tripoli (PSDB/SP), membro da frente ambientalista parlamentar, afirmou que há preocupação especial com a flora. “Acho que seria importante que nós somássemos em uma linha inversa, que nós discutíssemos antes da questão dos animais, as nossas florestas. Porque se não tivermos florestas, nós jamais teremos animais silvestres no nosso país”, disse.

Em contrapartida, o coordenador técnico da Rede Brasileira para a Gestão e o Uso Sustentável da Fauna Silvestre e Exótica (Rebras), Luiz Paulo Amaral, defende que é preciso conhecer os amparos legais para debater o tema. “Alguns órgãos, como o IBAMA, sustentam que animais silvestres devem ficar na natureza. Que natureza? A que estamos destruindo todos os dias? O fato é que a gestão pública hoje é deficiente e danosa ao setor de conservação”, argumentou.

O deputado Sarney Filho (PV/MA), coordenador da Frente Ambientalista Parlamentar, ressalta que o estudo faz uma análise sobre a atual modelo de gestão da fauna silvestre e exótica no Brasil. Segundo ele, “o objetivo do documento apresentado é oferecer propostas concretas para que o país possa aprimorar a sua gestão de fauna e construir políticas públicas eficientes, focadas na conservação da biodiversidade”. Além disso, Sarney Filho disse que a Frente Ambientalista está aberta ao debate e que qualquer cidadão pode contribuir com ideias e sugestões através do e-mail contato@frenteambientalista.com.

Por Tácido Pries

Imagem: Mutum do Nordeste / Divulgação. O mutum é das aves consideradas em extinção

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.

Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.

Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.

SemDerivações — Se você remixar, transformar ou criar a partir do material, você não pode distribuir o material modificado.

A Agência de Notícias é um projeto de extensão do curso de Jornalismo com atuação diária de estudantes no desenvolvimento de textos, fotografias, áudio e vídeos com a supervisão de professores dos cursos de comunicação

plugins premium WordPress