A professora e especialista em direito ambiental Lilian Rose Lemos Rocha acredita que as políticas públicas brasileiras, em vez de ajudar o meio ambiente, têm facilitado a produção de monoculturas para exportação, pecuária intensiva e a construção de hidroelétricas, que geram grandes impactos de áreas florestais. “Para plantar, eles derrubam a floresta nativa. Para o governo, isso não tem o menor valor ambiental. Fala-se só da visão economicista”, afirma.
Confira entrevista com a professora:
Confira o vídeo que a professora exibiu em palestra:
A professora fez um estudo aprofundado sobre como essas práticas do governo impactam na vida das pessoas que vivem na Amazônia Legal (Alta Floresta, Guarantã do Norte, Novo Mundo e Peixoto de Azevedo), em especial, na saúde e nos problemas respiratórios em crianças de 0 a 5 anos ou em idosos com mais de 60 anos causados pelas queimadas que essas atividades provocam.
Segundo a professora, o crescimento da Amazônia Legal não foi pensado com preocupação ambiental nem com planejamentos de saúde. A especialista em direito ambiental cita como exemplo de ações que causam desmatamento a construção de estradas, implantação de pastagem para os gados, plantação de soja, extração de madeira e grilagem de terras e critica a falta de infraestrutura médica para essas regiões. Ela cita que em Alta Floresta, há apenas um posto de saúde para uma população de aproximadamente 100 mil habitantes.
Desvio de verbas
Outra consequência das monoculturas é o afastamento do morador local do trabalho nessas grandes fazendas que, por usarem alta tecnologia em suas produções, necessitam de um trabalhador especializado que teve acesso às ferramentas que o trabalhador local não teve. Lilian Rocha também justifica a ineficiência das políticas públicas pelo desvio de verba que acontece nesses meios econômicos e lembra que isso gera inúmeras consequências. ”Políticas públicas não são competentes devido aos desvios de verba”, afirma.
Efeito em cadeia
As queimadas e o desmatamento aliados à frágil educação ambiental do país geram um “efeito dominó” nos âmbito econômico, cultural e ambiental, explica a professora. O desmatamento, por exemplo, diminui o nível de água dos reservatórios, o que gera a crise hídrica que atrapalha diretamente na criação de gado e na produção industrial e as queimadas, não só matam a flora, como a fauna e eliminam a possibilidade de estudos de ervas medicinais. A professora também aproveita para lembrar que a maior dificuldade quanto à falta de recursos no futuro será a crise hídrica. ”As nossas guerras futuras não serão por territórios, mas sim por água”.
Solução
A professora acredita que uma possível solução para os problemas de desmatamento e saúde é a educação. “Toda lei não deve ser só punitiva, deve ter cunho educativo também. Só se altera a sociedade com educação. A legislação mais severa nós já temos, mas ela precisa ser efetiva e que a gente tenha pessoas fiscalizando áreas de desmatamento do meio ambiente.”
Por Beatriz Castilho e Bruno Santa Rita