Rodeios no DF levantam polêmica sobre riscos a animais

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Chapéus, botas, música sertaneja, paqueras e clima de interior. Nesse clima, pelo menos quatro mil quatro mil pessoas pagaram R$ 22 para entrar em um evento em que a atração principal envolve montaria e também laçar um boi. Vaqueiros são as estrelas da festa.  O Circuito de Rodeio do Cerrado, no Parque de Exposições de Planaltina (DF), é um dos principais do Centro-Oeste. No entanto, em segundo plano, está uma polêmica que é sempre trazida à tona: os riscos para os animais, os coadjuvantes da noite. A organização do evento não foi encontrada para comentar sobre os cuidados com os bois e cavalos

O rodeio, no Brasil, é uma atividade regulamentada pela lei federal nº 10519, desde 2002. Porém, para que ocorra o evento, é necessário que os vaqueiros tomem uma série de cuidados com os animais.  De acordo com o artigo 4° desta lei: “Os apetrechos técnicos utilizados nas montarias, bem como as características do arreamento, não poderão causar injúrias ou ferimentos aos animais e devem obedecer às normas estabelecidas pela entidade representativa do rodeio, seguindo as regras internacionalmente aceitas”.

Conforme a Associação Brasileira dos Atletas e dos Parques de Vaquejadas, os vaqueiros tomam todos os cuidados necessários com os animais antes e depois dos eventos. Entretanto, afirmaram que, por mais que necessitem das atividades para sustento próprio, estas também são “práticas folclóricas que servem para extravasar e para o entretenimento”.

Vaquejadas

Além dos rodeios, as vaquejadas eram eventos que também reuniam vários espectadores. Inúmeros vaqueiros em todo o país dependiam desta atividade, especialmente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Em outubro de 2016, o STF vetou a lei que legalizava a prática da vaquejada no Ceará. Apesar de se referir ao estado, a decisão serve para todo o país. Entretanto, em novembro, o Senado aprovou o projeto de lei que considera tanto a vaquejada, como o rodeio, “manifestação cultural nacional” e “patrimônio cultural imaterial”.

Dessa forma, há uma grande polarização quanto ao assunto. Enquanto diversas ONGs têm se mostrado ativas contra rodeios e vaquejadas, várias associações de vaqueiros têm lutado a favor.

Saúde do animal

Já de acordo com a médica veterinária Vania Plaza Nunes, diretora do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, tanto os rodeios quanto as vaquejadas são prejudiciais ao animal.

Em relação ao rodeio, a veterinária afirmou que todas as provas, no mínimo, submetem o animal a uma grande pressão e que também podem gerar diversos problemas físicos e comportamentais. Dentre os problemas físicos, estão: pancadas, fraturas, ferimentos e lesões; e, dentre os comportamentais, se destaca o alto grau de estresse ao qual o animal é submetido.

“Ou o animal é derrubado pelo rabo ou pelo pescoço, ou é amarrado com alguma coisa que o incomoda profundamente. Acidentes graves acontecem, até morte de alguns, justamente por essa combinação de fatores prejudiciais”. Além disso, ela defende que os rodeios não são uma prática cultural brasileira e sim norte-americana, mas que muitos brasileiros alegam ser uma manifestação cultural do país. “Rodeio não é uma prática cultural brasileira. Muitos brasileiros querem manter essas práticas, que já nem são mais utilizadas nas fazendas, como uma atividade de lazer e entretenimento. Como se fazer o outro sofrer fosse alguma coisa que pudesse ser cultural”, lamenta a profissional.

Por Ana Karolline Rodrigues e Malu Burlamaqui.

Fotos: Divulgação

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