Depois do surto de coronavírus, pessoas buscam atualizar cartões de vacina no DF

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Entenda como funciona uma vacina

As vacinas foram criadas com o intuito de precaver a população de certas  doenças. A primeira foi criada há 224 anos. A vacina surgiu por volta do século XVIII, mais aproximadamente em 1796 pelo médico Edward Jenner, em uma tentativa de prevenir a contaminação da varíola. Em sua pesquisa, Jenner observou que as vacas possuíam um tipo diferente de varíola, chamada varíola bovina, as pessoas que mantinham contato frequente com esses animais infectados não contraíram a doença, pois já haviam tido a varíola bovina, de menor impacto no corpo humano.

Para colocar seu experimento em prática, Edward inseriu um pouco de pus de uma das mulheres que ordenhavam as vacas nas feridas de James Phillip, um menino de oito anos que estava infectado com varíola na época. Como resultado, Phillip teve um pouco de febre, mas após dez dias, ele já estava curado. Em 1798 depois do experimento ser comprovado, surgiu o termo “vacina”, a palavra deriva de Variolae vaccinae, nome científico dado à varíola bovina.

Anos após a primeira invenção, em 1881, o cientista francês Louis Pasteur começou a desenvolver a segunda geração de vacinas, produzidas para combater a cólera aviária e o carbúnculo, o termo “vacina” continuou a ser utilizado como uma homenagem a Jenner. A partir de então, as vacinas começaram a ser produzidas em massa e se tornaram um dos principais elementos para o combate a doenças no mundo.

A biomédica Maria Creuza do Espírito Santo explica que o processo de descoberta da vacina aconteceu a partir de experimentos de uma forma mais empírica com a intenção de proteger a comunidade da varíola. Ela enfatiza que a vacina tem o intuito de estimular uma resposta do corpo.  “A vacina, em princípio, é algo que você toma para estimular a sua resposta imunitária. Então, pode ser um vírus mais fraco, pode ser um vírus inativado, pode ser um pedaço do vírus ou até mesmo bactérias, mas a grande maioria das vacinas são bacterianas e virais”.

A biomédica explicou o processo de realização para criar uma vacina. Alguns dos medicamentos são atenuados. Esse tipo de vacina se refere a um processo no qual o patógeno permanece mais enfraquecido, ele está presente mas só que mais fraco. As vacinas do tipo da febre amarela, por exemplo, são feitas desse modo, assim como a vacina da pólio. A biomédica esclarece que cada vacina tem um tipo de produção, assim como as que são feitas a partir do microorganismo inativado como a biomédica esclarece. “Têm algumas vacinas que são feitas com o microorganismo inativado, mas que ainda consegue ativar a resposta imunitária. A vacina da gripe, por exemplo, funciona assim, com o microorganismo inativado. Tem como ter gripe a partir da vacina da gripe? Não.” 

 

Tecnologia

Outro modo de produzir uma vacina seria a partir da tecnologia de DNA recombinante. Esse tipo de imunização acessa apenas uma parte do vírus ao invés de injetar o vírus todo. A tecnologia busca apenas a parte que interessa e que será capaz de ativar a resposta imunitária. A vacina do HPV e da hepatite B são desse tipo. 

É importante lembrar que certas vacinas possuem doses de reforço. Algumas vacinas são únicas. Atualmente a de febre amarela só é tomada uma única dose, não precisa mais fazer o reforço. Outras vacinas são necessárias um reforço, uma segunda dose ou até uma terceira, para manter a resposta imunitária ativa e isso também depende do calendário vacinal. Existem calendários de vacinação diversos voltados para crianças, adultos, gestantes e idosos. São vários tipos de esquemas vacinais de acordo com a necessidade de cada indivíduo. O governo, caso do SUS, dá preferência para vacinar os grupos de riscos, incluindo crianças, gestantes e idosos.  

 

Crescimento

Imagem reproduzida do Google Maps – Centro de Saúde n° 11 da Asa Norte

Os profissionais que trabalham nos postos afirmam que os locais estão aptos para atender as crianças que estão no calendário normal do ministério e aproveitam para tirar dúvidas sobre o assunto no caso das vacinas, além de atualizar o cartão. Daniel Veras, de 42 anos, enfermeiro no Centro de Saúde Básica 11, comentou que houve um crescimento da procura de vacinas atualmente. O motivo seria o alarme com o coronavírus e o surto de sarampo. Por isso, crianças e adultos estão recorrendo aos postos de saúde para efetivar a vacinação.  

O profissional informou que devido ao coronavírus, muitos populares aumentaram a frequência no local para saber mais sobre a gripe e atualizarem o cartão de vacinas. Ele acrescentou que para o sarampo os postos mantêm as suas campanhas de vacinação abertas, “A gente tá aproveitando que os pais trazem os filhos para vacinar e já estamos fazendo uma busca ativa dos familiares para poder fazer a vacinação deles também”, complementou Daniel. 

A campanha da gripe no Distrito Federal ainda não foi iniciada, ela começará por volta de abril, mas em São Paulo foi adiantado o processo para o dia 26 de março.

Uma pergunta recorrente quando se trata de vacinação é sobre os efeitos colaterais. A biomédica Maria Creuza do Espírito Santo informou que os efeitos são esperados. Quando se trata de mexer com a resposta imunitária do corpo, muito dos efeitos que ocorrem são normais de acontecer. “Todos os efeitos são esperados. Isso varia de vacina para vacina. Você tá mexendo com sua resposta imunitária. Às vezes, você tem febre, dor local ou mal estar”. Em casos que as reações ultrapassam o esperado, é necessário que a pessoa vacinada volte ao local no qual foi vacinada e os profissionais verão se é necessário tomar outras providências.  

Toda e qualquer vacina pode ter reações adversas. Quando isso ocorre tudo é relatado e registrado, a profissional defende que nenhuma vacina será liberada se ela causar problemas em muitas pessoas, essa taxa é muito pequena e seja ela qual for sempre é registrado e controlado. “Você vacina 100 pessoas e uma pode ter tal efeito, isso vai variar de vacina para vacina, e às vezes as pessoas pegam isso para falar de movimento antivacina, só que elas não entendem que vacina é como remédio. O remédio vai funcionar pra todo mundo igual? Não vai. Em algumas pessoas pode causar problemas? Sim!”, casos como esse são utilizados por grupos anti vacinas para reforçar a ideia de não tomarem as doses.

 

Aplicativo

Aplicativo digital do SUS atualiza os usuários sobre as vacinas que precisam ser tomadas

 

Após descobrir os cistos nos rins, a pedagoga Nádia Bitencourt , de 54 anos, decidiu investir na sua saúde e na atualização correta do cartão. “Minha carteira sumiu e após isso comecei a vir com mais frequência nos postos pra ter a vacinação correta, por conta dos cistos. Mas agora com o carteirinha digital, que te informa todas as vacinas, até mesmo as que estão faltando”. Mesmo com a perda do cartão de vacinação, Nádia conseguiu utilizar o aplicativo digital do SUS que permite saber todas as vacinas que já foram tomadas e aquelas que ainda precisam.

O DigiSus mencionado por Nádia, é um aplicativo do governo desenvolvido pelo Ministério da Saúde. O app é dividido em quatro setores, a página inicial, minha saúde, família e serviços de saúde. Dentro desses setores há o registro de vacinas, agendamento de consultas, retirada de medicamentos, acompanhamento da sua saúde e de seus familiares além de ter notícias atualizadas sobre saúde. O aplicativo está disponível tanto na Apple Store quanto na Play Store de forma gratuita. Para acessar, é necessário se cadastrar, assim que o cadastro for efetuado todas as funções estarão disponíveis para o usuário.

Por Giovanna Hilário e Julia Webster

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