
Danilo Brito, 20 anos, e Larysse Nunes, 19, são estudantes que, apesar da pouca idade e de exercer ofício semelhantes, adotam formas diferentes de ir a universidade, ao estágio e voltar para casa, por exemplo. No entanto, mesmo sem se conhecer, eles compartilham algo em comum: o uso das tecnologias aliadas ao transporte. Seja de ônibus, de metrô ou em uma condução privada,, Danilo e Larysse recorrem aos aplicativos no celular como forma de dar assistência à mobilidade.
O uso das novas ferramentas digitais parece inerente a um público cada vez mais conectado. De fato, elas são cada vez mais úteis para quem depende do transporte público ou privado. Danilo mora no Jardins Mangueiral, próximo a São Sebastião, mas estuda em Taguatinga e trabalha no Plano Piloto.
Longe de casa, ele depende de ônibus, assim como 650 mil pessoas por dia. Para tornar a jornada menos penosa, ele utiliza os aplicativos de mobilidade para checar, por exemplo, os horários dos coletivos. “Há poucos ônibus que saem da minha cidade para a faculdade. Então, costumo usar muito os aplicativos para checar horários e linhas”, explica.
Para ele, os principais benefícios são a praticidade e a segurança. “É extremamente útil e costumo, inclusive, usar quando viajo. Por não conhecer a cidade, é legal algo que te auxilie na utilização de transporte público local”, destaca.
Assim também acontece com Larysse. Apesar de utilizar as linhas de metrô todos os dias, ela sempre procura o Uber por causa do conforto. Aproximadamente 150 mil pessoas usam os trens do metrô, segundo a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF). Mas, para conseguir se movimentar pela cidade, Larysse não abre mão dos aplicativos de transporte privado. “É bom por não termos que se preocupar em procurar estacionamento, assim como nos dias em que você quer sair e não pode dirigir por ter bebido. Acho seguro”, ressalta. Na avaliação dela, os serviços costumam funcionar bem.
Transporte privado
As empresas de transporte privado oferecem o serviço cadastrando parceiros que trabalham como motoristas pelo aplicativo. Estabelecem, então, o contato entre parceiro e usuário, para que ocorra a prestação desse serviço. É o caso de Christian Mendes, 43 anos. Ele é servidor público, mas se cadastrou para se tornar parceiro no aplicativo há cinco meses como uma atividade de renda extra.
Na visão de Christian, a principal vantagem de trabalhar como motorista de aplicativo é a flexibilidade do horário para trabalhar. Mas, também, na visão dele, há desvantagens, como rodar aos fins de semana e feriados. “Com isso você abre mão de momentos de lazer com sua família e amigos”, pondera.

Uma dessas empresas prestadoras de serviço digital mais utilizadas em Brasília, a Uber, conta com mais de 60 mil parceiros cadastrados e uma política de cadastramento acessível. Christian contou que bastou atualizar a carteira de motorista junto ao Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), passar por um exame médico e ter no carro os requisitos mínimos estabelecidos para transportar passageiros.
Regulamentação dos aplicativos
A Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado adiou a votação do Projeto de Lei Complementar 28/2017 (PLC) para 26 de outubro. Este projeto regulamenta o transporte remunerado privado de passageiros, por meio de aplicativos como Uber, Cabify e 99. A matéria tem como objetivo definir algumas exigências que deverão ser seguidas para o funcionamento do serviço, como a autorização específica do poder público. As mudanças acarretariam em fiscalização, utilização de placas vermelhas, como os taxistas, entre outras. Na votação disponibilizada no site do Senado, aproximadamente 133 mil pessoas votaram contra e 40 mil a favor.
Em uma nota divulgada pela Uber, Cabify e 99, as empresas destacaram que o relatório sobre o PLC 28/2017 “dá início a um amplo debate sobre a regulamentação do transporte individual privado por meio de tecnologia”. O texto detalha critérios importantes e sugeridos pelos usuários dos aplicativos. “Deste modo, o relatório proporciona a oportunidade de discussão e análise de uma regulamentação equilibrada”, informou.
Porém, em 5 de outubro, a Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana, foi alterada promovendo a regulamentação desses transportes. Algumas mudanças, como alteração nas taxas e cadastramento dos motoristas, já estão em andamento.
Acessibilidade
Alguns aplicativos contam, ainda, com serviços de acessibilidade, mas ainda restritos a outros países. É o caso do Uber que apresenta uma função chamada Uber Sign Language. Ela ensina usuários algumas frases importantes para a comunicação com motoristas com deficiência auditiva, na linguagem de sinais. Porém, o serviço não está presente no Brasil e não há informações da previsão de chegada.
Já o aplicativo Moovit possui as funcionalidades VoiceOver e Talkback, que permitem que um deficiente visual, apertando um botão o auxilie a navegar pelo aplicativo e planejar as viagens.
Sobre acesso facilitado para portadores de deficiência física dentro dos aplicativos, as empresas Uber e Cabify foram procuradas pela reportagem, mas até a publicação desta matéria, não se posicionaram a respeito.
Thaís Batista
Sob supervisão de Isa Stacciarini