A artesã Olivia Alves, de 72 anos, faz parte do grupo de profissionais que tem a sua loja localizada na Feira da Torre de TV. Ela faz parte dos 43% dos trabalhadores dessa atividade que escolheram feiras do DF para trabalhar, segundo pesquisa, realizada no final de 2024, do “Painel de Inteligência Setorial” do Sebrae.

Olivia Alves tem 72 anos.
A profissional conta que, mesmo estando na feirinha há mais de 30 anos, sua jornada como artesã se iniciou muito antes disso: “Eu praticamente já nasci artesã. […] Minha mãe era tecelona profissional. E, conforme fui crescendo, fui ajudando ela no trabalho de artesanato.”
Olivia não teve condições de manter os estudos, e por isso, se dedicou ao artesanato como um meio de sustento desde muito nova. “Eu aprendi a fazer crochê com 12 anos de idade. A gente plantava o algodão, colhia, fiava e tecia, fazia rede, cobertas…”.
Trabalho em casa
A goiana, que faz parte da Associação dos Artesãos do Cruzeiro, fabrica seus produtos em casa e os expõe para venda na sua própria loja. Ela reconhece ser uma atividade muito trabalhosa, apesar de pouco valorizada.
“A gente faz um trabalho com tanta dedicação, que dói os braços, as vistas, e o povo não valoriza. […] Sempre reclamam do valor e no fim não levam nada”, afirma a artesã.
Além do reconhecimento insuficiente, ela enfrenta também outros problemas ao viver somente da própria arte.
“Está muito concorrido. Antes, tudo que a gente fazia em casa, sempre vendia quando vinha pra cá. Hoje, você faz uma peça, e fica aí por meses. E com isso a gente acaba passando necessidade, porque tem que comprar material para trabalhar, se não trabalhar não tem nada para vender, e falta dinheiro para se alimentar”
Diante das dificuldades enfrentadas, Olivia afirma que seu maior sonho como artesã é “vender bastante”: “Meu sonho era fabricar durante a semana em casa e tudo que eu trouxesse para cá eu vendesse. Aí a gente ficaria feliz e ia embora para casa satisfeita!”
Cinco décadas de trabalho
Carlito José de Barros, também artesão, tem 62 anos de idade e 45 anos como artesão na Feira da Torre de TV.

Carlito José nasceu em Formosa (GO).
Carlito nasceu em Formosa (GO) e aprendeu a arte do artesanato com o irmão mais velho. Ele afirma que viu no artesanato um meio de sobrevivência e por isso se dedicou à àrea.
O idoso afirma que mesmo com as dificuldades, prioriza o tempo que passa em sua loja.
“Eu já passei dificuldade. Sendo sincero, aqui tem dia que se você não trouxer um almoço, você não come, porque não vende. Mas ainda é melhor ficar aqui, mesmo que não venda, eu prefiro ficar aqui”.

Clodomir Pereira já rodou o país
Pelo país
“Eu me tornei um artesão depois de muitos anos rodando nesse Brasil”, afirma Clodomir Pereira, artesão de 60 anos que trabalha na Feira da Torre de TV há mais de 20 anos.
O maranhense chegou em Brasília há 37 anos e viu no artesanato uma forma de sustentar a família.
Em entrevista à Agência Ceub, Clodomir afirma estar satisfeito com a vida que leva como artesão, apesar de enxergar problemáticas por parte do público e também por parte de outros artesãos.
“Hoje a nossa área não está mais valorizada. […] Tem muito “picareta” na praça que quer ser artesão sem ser”.
Apesar disso, o idoso se encontra satisfeito com sua forma de levar a vida atualmente.
“Tem mês que dá muito bem de venda, tem mês que não dá para cobrir as despesas. […] Mas o que eu faço aqui é só para meu sustento, para manter minha vidinha. Eu já trabalhei me esforçando muito, já me preocupei muito. Hoje não me preocupo mais não, consigo viver tranquilo”.
Por Ludmila Oliveira (texto e fotos)
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira