
Preocupados com a propagação da gripe H1N1 no Distrito Federal, brasilienses procuraram centros de saúde por todo Distrito Federal no começo da campanha de vacinação contra a doença. De acordo com a Secretaria de Saúde, 777 mil doses serão distribuídas em 114 postos. Estima-se que 90% do público alvo seja imunizado. Tem o direito de receber a vacina gratuitamente oferecida pelo governo idosos a partir de 60 anos, crianças de seis meses a cinco anos, além de trabalhadores da área de saúde, professores das redes publicas e privadas, indígenas, mulheres gestantes, portadores de doenças crônicas, penitenciários e agentes penitenciários.
A equipe de reportagem visitou um dos postos de saúde da Asa Norte, localizado na 905, e se deparou com pessoas que relatam situações diferentes da prevista pelo Ministério da Saúde. Arnaldo, 50 anos, procurou a vacina em outros postos e afirma: “O posto da oito está fechado, só está aberto esse daqui para vacinar”. Caul, 52 anos, levou a mãe e a tia (80 e 83 anos) para vacinar, e quando questionado se tinha visitado outros postos afirma: “Minha mãe foi na 208 norte e não tem vacina.” A mãe Ednilda completa: “Não tinha vacina e não informaram a previsão de volta, as pessoas que concluíam que tinham que vir aqui.”
Antes das 17h (horário previsto para o fim da vacinação) Selene, 68 anos, ao sair da sala de vacinação diz ter recebido uma informação dos funcionários. “Disseram que só iam atender mais 7 pessoas, acho que o estoque está acabando, eles estavam olhando lá dentro do isopor, já esta acabando.”
A campanha de vacinação dura até 1º de junho. Em 12 de maio, haverá o “Dia D” da imunização. Neste dia, todos os postos só vão aplicar as doses contra a gripe. A auxiliar de secretaria, Rayane Vasconcelos, 24 anos, levou o filho Marcos de 2 anos e 6 meses para vacinar em uma das Unidades Básica de Saúde (UBS) do Recanto das Emas, porém não conseguiu encontrar a vacina. “Fui informada que as doses tinham acabado. Perguntei quando teria, mas não souberam responder.” Já a estudante Viviane Santos Bastos , 20, por não estar dentro do público alvo da campanha preferiu se antecipar e procurar a imunização em uma clínica particular. A proteção nos laboratórios privados custa de R$ 100 a R$ 150, segundo levantamento da Agência de Notícias. “Tomei a vacina no particular já na semana retrasada”, reforçou.
A vacina é tetravalente e protege contra os vírus H1N1, H3N2 e dois tipos do influenza B. Para o médico infectologista Hemerson dos Santos Luz, é possível que uma nova epidemia da gripe H1N1 volte a acontecer “O problema pode se repetir. A disseminação do vírus ocorre de forma muito rápida e as medidas de prevenção devem ser adotadas mesmo antes do aumento da causa”, alertou. Ele ressaltou que a vacina previne contra a doença, assim como medidas de higiene, a exemplo do hábito de lavar as mãos com água e sabão.
O especialista ainda explicou que o vírus pode ser transmitido por gotículas respiratórias de doentes infectados. “Então, se estamos a menos de um metro de um doente enquanto ele fala ou
tosse ou se tocarmos em superfícies infectadas e levamos à boca, nariz ou olhos, podemos contrair o vírus. Em geral, o período de transmissão do vírus em crianças é de até 14
dias e nos adultos é de sete dias”, explicou. Ainda segundo ele o vírus pode ser transmitido antes mesmo da pessoa saber que está infectada.
Os principais sintomas da gripe, segundo o médico ,são febre acompanhada por tosse, dores de garganta, dores de cabeça, dores no corpo ou dores nas articulações.
Estado de alerta
O DF entrou em alerta neste primeiro semestre de 2018 após sete casos de H1N1 confirmados. Uma pessoa morreu. O paciente mais recente foi uma aluna de 2 anos estudante de uma escola em Águas Claras. A morte registrada foi de um paciente do Hospital Regional de Ceilândia de 54 anos no fim do mês de março.
O secretário de Saúde, Humberto Fonseca, porém, disse que o número de casos confirmados está dentro da normalidade para essa época do ano. “O vírus H1N1 está circulando no DF, o que não ocorreu no ano passado. Estamos agora em uma grande sazonalidade de doenças respiratórias, mas não é algo que foge á normalidade” declarou ele, em entrevista coletiva no dia 11 de abril.
Isabela Péres, Maria Júlia Spada e Brenna Farias com informações da Secretaria de Saúde do DF
Sob supervisão de Isa Stacciarini e Luiz Cláudio Ferreira