O trânsito na cidade de Brasília é ainda diferente de lugares como São Paulo e Rio de Janeiro. Para especialistas, os tráfegos são pontuais, localizados em determinados horários e vias. O professor Paulo César Marques, que tem doutorado em estudos de transportes, por exemplo, explicou que o problema ocorre porque nas áreas centrais de Brasília “todo mundo” quer ou precisa ir de carro e essas áreas não comportam o volume.
“Não há saturação constante, pois elas se limitam aos horários de pico (tempo) e ocorrem nas vias de ligação entre entornos e o plano piloto e entradas das quadras comerciais (espaço)”, explicou. Porém, de acordo com o Professor do Núcleo de Estudos Ambientais, Gustavo Souto Maior, apesar das medidas ligadas à promoção de ciclovias e de transporte público, a adesão da população do DF é mínima já que é educada a pensar que ter carro é sinônimo de status social e poder – pensamento implantado pelo poder público.
De acordo com o professor, o poder público ganha atenção do público prometendo que todos terão acesso à compra de seu veículo oque, segundo é uma insanidade. “Se todo cidadão tiver um carro as cidades vão parar. Então tem uma série de benefícios. Obviamente isso aí deve ser replicado e não ser só um dia no ano. Deveria ser, por exemplo, um dia toda semana – o dia semanal sem carro, mas, aos poucos a gente chega lá”.
Uma das maneiras apontadas por Gustavo para implantar na mente dos brasilienses, é o desafio intermodal – que ocorre na semana da mobilidade e consiste em percorrer o mesmo trecho com meios de transportes diferentes, como por exemplo, bicicleta, patins, a pé, de carro, de taxi e de ônibus que acontecem durante a semana da mobilidade com o objetivo de incentivar o uso de diferentes modais de transporte. “É muito interessante a gente ver que nas cidades mais adensadas os modais não motorizados ganham sempre”.
Para o professor Gustavo Souto Maior, outra solução para diminuir o estresse desse motorista “é tirar o carro da rua”. A forma é enfatizada pelo professor do núcleo de estudos ambientais. “Hoje em dia, uma filosofia moderna no mundo todo é tirar o carro da rua, ou seja, diminuirmos a quantidade de carros oferecendo alternativas de transporte coletivo”.
Segundo o médico Jessé Lima, a melhora na saúde é decorrente da redução do estresse, que pode desencadear doenças como: arritmias e aumento da pressão arterial, gastrite, refluxo. Além de afetar a imunidade podendo desencadear não apenas resfriados, mas doenças autoimunes, depressão, ansiedade e insônia.
1 carro por pessoa
A cidade de Brasília, projetada para 500 mil habitantes, conta hoje com uma população de 2,8 milhões, segundo o IBGE. Dentre esses, mais de 1,5 milhões são habilitados que dirigiam, até julho de 2014 1,2 milhões de carros, de acordo com o DETRAN-DF. “Em Brasília não se buzina” é a frase que todo recém-chegado à cidade lê. Contudo, basta trafegar por alguns minutos para entender que o dizer deveria ser: “Em Brasília nem sempre se buzina.” Isso porque o número de carros circulantes no plano piloto está cada vez maior e a conseqüência é refletiva na qualidade de vida dos motoristas.
Jemima Mendes da Silva, aposentada, que mora em Brasília desde sua fundação, relata que o trânsito de hoje comparado ao de 1960 não só aumentou o volume, mas se tornou perigoso e deixou os motoristas estressados. Iraci Cecílio, que vive na cidade há 31 anos, diz que apesar das ruas serem alargadas e de sinalizações serem instaladas ao longo dos anos, o investimento no transporte público foi pequeno e o volume atual de carros ultrapassou as medidas tomadas e, como conseqüência, o trânsito “deu uma travada”.
Para Beatriz Calais, estudante de direito de 23 anos, brasiliense, o trânsito de Brasília é péssimo. “Acho que as pessoas não têm educação, por exemplo: não dá passagem, todo mundo quer passar na frente de todo mundo, correr… Então, acaba que eu perco a paciência toda hora.” O analista de sistemas Eli Mendonça, 32 anos, diz que se estressa diariamente pela postura dos outros condutores. “Pra mim o trânsito reflete o motorista. E aqui está cheio de motorista ruim, mal educado. Raramente alguém dá passagem, não sabe usar a seta nem as faixas da direita ou esquerda”.
Alguns motoristas buscam estratégias para driblar o congestionamento. A secretária Marli Peyerl, 47 anos, mora em Águas Claras e para enfrentar o longo trajeto, ela criou um método para se entreter. “Assim que cheguei a Brasília me estressava muito, agora eu me preparo pra não estressar, pra não mudar nem meu humor nem o humor do colega de trânsito. Pra isso, me organizo para sair sempre com muita antecedência, seleciono boas músicas para o trajeto e repasso minha agenda mentalmente enquanto o trânsito não flui”, considerou.
Por Aline do Valle
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