Autismo: “é preciso estimular a interação”, diz especialista

COMPARTILHE ESSA MATÉRIA

Para derrubar preconceitos e aumentar o esclarecimento, a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, indicou 2 de abril como o Dia Mundial do Autismo. Segundo estimativa da própria entidade internacional, cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo têm o transtorno. Palestras e eventos públicos acontecem em várias cidades para ajudar a conscientizar e informar as pessoas sobre o que é, como lidar e conviver com o autismo. De acordo com a psicopedagoga Jeana Moura, tratamentos são diferentes para crianças e adultos. Para ela, é fundamental estimular a interação. Confira entrevista que a especialista concedeu para a Agência de Notícias UniCEUB.

O que é o autismo e quais as principais dúvidas dos pais quando descobrem que seu filho tem autismo?

Jeana Moura – O autismo é o transtorno global de desenvolvimento ele atinge o neurodesenvolvimento da pessoa, ou seja, ela vai ter atrasos em algumas áreas como linguagem, comportamento e socialização.  A criança também vai ter atrasos com relação a brincar e interagir com outras pessoas, esses são os aspectos mais importantes para se entender os sintomas do Autismo.
A principal dúvida dos pais é justamente como lidar com os sintomas do autismo.

Algumas crianças possuem comportamentos mais agressivos por conta da linguagem formal que demora a vir e a linguagem receptiva, que é entender e dar função a algumas perguntas, e alguns comportamentos de agressivos pode surgir. É preciso fazer contato de visual, fazer com que a criança te veja, os pais precisam se fazer presente na vida dela o tempo todo.  O transtorno do espectro autista traz um isolamento pra pessoa então a gente precisa tirar essa criança do isolamento o tempo todo. É preciso estimular a interação, estimular que essa criança busque o outro o tempo todo e não fique isolada em ambientes que condicionam a socialização.

Qual é o tipo de trabalho desenvolvido com uma criança autista e depois na vida adulta?

Jeana Moura – O trabalho com a criança e o adulto é bem diferente. Na primeira infância a gente estimula a questão da interação, do contato com o olhar; a gente faz uma modelagem de comportamento em ambientes sociais; pré-requisitos para o ambiente escolar então, tempo de espera, a observação do professor, a cópia e o registro, eles têm uma dificuldade motora muito grande então, a gente trabalha com a terapia ocupacional pra trabalhar isso. A questão sensorial também é bem desorganizada neles, a gente vai ajustando isso.

Quando adulto, o trabalho é diferenciado, eles já aprenderam algumas habilidades e ai a gente precisa clarificar um pouco o mundo pra eles; Há uma grande dificuldade de imagem mental, eles veem as coisas de forma muito concreta e isso entra como aliado para o tratamento do autista adulto.

Quais os maiores desafios e preconceitos que hoje o autista enfrenta?

Hoje, o maior preconceito, é a aceitação de serem pessoas diferentes, independente do que o outro tenha a gente precisa aprender a lidar e conviver com suas diferenças, e isso é com tudo na vida, ninguém  é igual  a ninguém. A gente tem as nossas peculiaridades, então o maior desafio é esse, tanto da criança quanto da família.

Às vezes a própria família tem preconceito, têm pais que perguntam, “mas eu falo pra todo mundo que ele é autista? Que ele está dentro do espectro?”  O que normalmente a gente orienta é a conversa, as pessoas precisam saber que a criança é diferente, que ela não é igual e a gente precisa aceitar  ele dentro dessa diferença, uma vez que se todo mundo entende  que ele funciona diferente, a abordagem, o tratamento é outro.

Qual a importância de uma data específica para o autismo?

Essa data, 2 de Abril,  ganhou uma força mundial o que é muito importante, com ela a gente consegue  divulgar  o transtorno . As pessoas elas começam a ter curiosidade sobre o que é o autismo e como tratar essas pessoas. Hoje a gente tem autistas não diagnosticados que  hoje já em fase adulta , com 40 – 50 anos  e que você identifica alguns sintomas mas o que se escuta é que “a gente aprendeu  a lidar com elas”  e hoje, com  a conscientização maior  as pessoas sabendo o que  é o transtorno, mais e mais pessoa passam a aceitar melhor  aquela pessoa, entendemos  os motivos de tal tipo de comportamento e o fato dela ser do jeito que é.

Para entender um pouco mais o dia a dia de famílias que convivem com autistas, os desafios enfrentados e as expectativas, confira documentário produzido pela Agência de Notícias do UniCEUB “Autismo sem Tabu”, de autoria de Júlia Campos

Por Giovanna Pereira
Com supervisão de Luiz Claudio Ferreira

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.

Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.

Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.

SemDerivações — Se você remixar, transformar ou criar a partir do material, você não pode distribuir o material modificado.

A Agência de Notícias é um projeto de extensão do curso de Jornalismo com atuação diária de estudantes no desenvolvimento de textos, fotografias, áudio e vídeos com a supervisão de professores dos cursos de comunicação

plugins premium WordPress