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Enzo Gabriel tinha apenas um mês de vida quando começou a ter tosse e ficar com o nariz escorrendo. A mãe, Katia Sousa, achou que ele estava um pouco resfriado, quando o levou para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h), em Luziânia (GO), mas não imaginou que seria nada além disso. O médico pediu que observasse o pequeno e orientou que, se ele apresentasse dificuldades respiratórias, ela o levasse à emergência.
A vacina contra a Influenza, que poderia prevenir novos casos, pode custar até R$ 180, restrita à rede privada. Não há tratamento específico para a infecção pelo VSR, enquanto a vacina não chega, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um medicamento para prevenir o VSR: é o palivizumabe, um anticorpo monoclonal que não permite que o vírus se hospeda nas células humanas.
Dentre outras maneiras, a melhor forma de prevenir a infecção pelo VSR é através da adoção de medidas de higiene pessoal, como lavar as mãos com frequência e evitar o contato com pessoas infectadas. Além disso, existem vacinas disponíveis para prevenir a infecção pelo VSR em bebês e crianças de alto risco.
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Enzo Gabriel havia contraído o vírus sincicial respiratório (VSR), um vírus semelhante ao resfriado que costuma ser leve ou até assintomático em adultos, mas pode ser extremamente perigoso para bebês e idosos. Ao chegar ao hospital, o bebê foi colocado diretamente na Unidade de Terapia Intensiva, com oxigênio de alto fluxo. Ele passou seis dias na UTI, dentro de 12 dias de hospital, no total. “Estávamos com tanto medo, que pensávamos que ele fosse morrer”, lembra a mãe.
Alívio e esperança
Depois de um período, o bebê, felizmente, começou a se recuperar e recebeu alta da UTI, mas ainda precisou ficar mais seis dias no hospital. “No último dia na UTI, as enfermeiras me disseram que parecia que ele finalmente estava melhorando um pouco”, disse Kátia.
“Pensei: ‘Graças a Deus, vamos sair daqui’, mas ele acabou mudando para a enfermaria. Eles o observaram e começaram a diminuir um pouco o oxigênio de alto fluxo e, quando viram que ele continuou respirando bem sozinho, ficamos muito aliviados. Finalmente, estávamos começando a superar isso”, acrescentou.
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Então, na mesma tarde, depois de sair da consulta, a mãe já notava sinais preocupantes. “Decidi que precisávamos levá-lo à emergência porque ele não estava mais respirando com facilidade”, disse ela, em entrevista à Agência Ceub. “Eu estava tentando amamentá-lo, mas ele estava muito cansado para mamar. Enzo Gabriel mamava bem, mas, de repente, ele não tinha mais energia”, lembra.
Presença do vírus
O vírus sincicial respiratório (VSR) esteve presente em 30% dos casos de doenças respiratórias registradas no Brasil nos primeiros três meses de 2023. Entre janeiro e março, foram mais de 3,3 mil infecções – dessas, 95% atingiram apenas bebês e crianças de 0 a 4 anos.
Os dados do Ministério da Saúde, coletados e monitorados pela iniciativa Info Gripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostram uma mudança de padrão na circulação do VSR, um vírus muito transmissível e bastante perigoso. Conhecido por ser o “vilão” da temporada outono e inverno, ele aparece pouco nos meses mais quentes, mas o comportamento mudou nos últimos anos.
No primeiro trimestre deste ano, o VSR causou mais infecções que o vírus da gripe. Ele só perde para a Covid-19, que ainda representa mais de 50% dos casos positivos entre doenças respiratórias. Em 2022, foram registrados 14.489 casos de VSR no Brasil – 13.542 (93%) somente na faixa etária de 0 a 4 anos.
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Ao que tudo indica, a Covid-19 “desbloqueou” a sazonalidade do VSR de forma indireta, fazendo com que os casos do vírus sejam registrados em níveis por vezes elevados durante o ano todo. A infecção causada pelo VSR pode ser grave em grupos de risco, como bebês, crianças, idosos e portadores de distúrbios cardíacos congênitos ou doenças pulmonares crônicas.
De acordo com o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, as infecções por VRS sempre precedem os casos de influenza no Brasil.
“O distanciamento, as crianças fora da escola, fizeram com que a gente não tivesse esse vírus em circulação. Isso acumulou um número grande de suscetíveis a ele: aquelas crianças que se infectaram no primeiro ou segundo ano de vida não se infectaram, não se expuseram ao vírus”, disse o médico.
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Sem a máscara
“Com a retomada das rotinas e a retirada da máscara, as crianças começaram a se infectar. E agora a gente está vendo um aumento na circulação de vírus e mais crianças infectadas”, explicou Kfouri, que também é presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Isso justifica os casos de VSR registrados fora de época. Mas, mesmo com o vírus circulando em períodos não esperados, o pico sempre ocorre nos meses mais frios. Foram mais de 7,2 mil infecções por VSR entre abril e julho de 2022 contra 4,1 mil entre outubro do mesmo ano e janeiro de 2023.
Sobre o Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
Apesar de ser pouco conhecido, o vírus sincicial, também conhecido como Vírus Sincicial Respiratório (VSR), sempre esteve presente no Brasil, circulando junto com outros vírus respiratórios, e é bem semelhante ao vírus influenza, causador da gripe. É um vírus que causa infecções respiratórias agudas, principalmente em crianças, mas também pode afetar adultos.
O VSR é altamente contagioso e pode se espalhar facilmente por meio do contato direto com secreções respiratórias infectadas, como saliva, catarro e muco, além de objetos contaminados.
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Os sintomas são parecidos com os de um resfriado comum: febre, tosse, espirros, coriza e mal-estar. Em bebês e crianças pequenas, a infecção pode causar bronquiolite, que é uma inflamação dos pequenos canais de ar dos pulmões. Em casos graves, o VSR causa bronquiolite. Doença que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões, e pneumonia, principalmente em bebês prematuros ou no primeiro ano de vida.
Adultos com imunidade elevada e boas condições de saúde, eles desaparecem em poucos dias. Mas, entre os pequenos e os mais velhos, a infecção pode evoluir e atingir brônquios, alvéolos e pulmões, o que pode ser fatal. Entre os sinais, estão febre alta, muita tosse e, principalmente, dificuldade para respirar.
“É um vírus que não dá imunidade duradoura. Você não pega só uma vez na vida. As reinfecções vão ser comuns. A segunda, a terceira, a quarta, a quinta vez que você se encontra com o vírus, a tendência é ter sintomas mais leves. Então, o risco maior é nos mais novos, que não tem imunidade, ou nos mais velhos, que perderam a imunidade.”
Pediatra Infectologista, Renato Kfouri
Por Gabriel Teles
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira