Prata em Paris, Caio Bonfim recebe Bolsa Atleta desde o início da carreira; saiba mais sobre o benefício

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O atleta brasiliense Caio Bonfim levou a prata nas Olímpiadas de Paris 2024, nesta quinta-feira (01), pela modalidade de marcha atletica. Há menos de dois meses, o atleta, em entrevista à Agência de Notícias Ceub disse que o benefício do Bolsa Atleta é fundamental. “Se tem um programa que dá certo, é o programa da Bolsa Atleta. É um apoio fundamental para você ter uma estrutura. (O benefício) contempla desde a iniciação até a bolsa olímpica”, afirmou na ocasião.

Nesta edição olímpica, o Brasil tem 277 atletas representando o Brasil, que, para chegar a essa etapa, tiveram um longo caminho de treinos, desafios e superações. Os competidores brasileiros com Bolsa Atleta em Paris são um total de 247, segundo o governo federal.

Além dos patrocinadores, os atletas podem contar com o programa do governo federal, o Bolsa Atleta, desde 2005.

Atletas em treinamento em Sobradinho. (Foto: Pedro José Santana)

Dentre os representantes do Brasil nas Olimpíadas, os estados que possuem mais atletas que
utilizam o benefício do governo, São Paulo, com 24 esportistas e Rio de Janeiro, com 21.
Amapá, Acre, Rondônia, Roraima, Tocantins, Rio Grande do Norte, Alagoas e Espírito Santo
não terão beneficiados do programa nas olimpíadas.

No caso do marchador Caio Bonfim, ele recebe a Bolsa Atleta olímpica desde 2012 e aconselha as novas gerações a terem paciência e a se dedicarem ao treinamento para garantir um bom desempenho e,
consequentemente, o benefício da bolsa.

“Se você é do atletismo, tem que treinar muito. Não tem outro caminho e essa geração, às vezes, tem um pouco de dificuldade desse imediatismo. Você vai se descobrindo, melhorando, aprendendo. Então é necessário trabalhar muito”.

Caio Bonfim conquistou uma medalha de prata nos Jogos Pan-americanos Santiago 2023.(Foto: Pedro José Santana).

Bolsa Atleta


Segundo o Ministério do Esporte, por meio do Governo Federal, o programa esportivo
mantém, desde 2005, um dos maiores meios de patrocínio individual de atletas no mundo.

O público beneficiário são atletas de alto desempenho que obtêm bons resultados em
competições nacionais e internacionais de sua modalidade.

O benefício oferece um suporte financeiro essencial que permite ao atleta se concentrar exclusivamente em seus treinos e competições.

O público-alvo são atletas que obtêm bons desempenhos em competições nacionais e
internacionais, da base ao alto rendimento.

São cinco categorias: Base, Estudantil, Nacional, Internacional e olímpica/paraolímpica. Os valores variam entre R$5.000 a 15.000, e os contemplados recebem o benefício pelo período de um ano.

O valor pode variar também entre diferentes modalidades esportivas. Esportes mais populares e competitivos podem ter bolsas mais disputadas e, portanto, valores mais altos. O dinheiro é depositado em conta específica do atleta na Caixa Econômica Federal.

O atleta Caio Bonfim diz que é importante distinguir entre o Bolsa Atleta e Bolsa Família, pois ambos são programas do governo com diferenças significativas.

“No caso da Bolsa Atleta, se você é um atleta profissional, precisa estar entre os quatro melhores do Brasil. É necessário atender a esses pré-requisitos para estar entre os melhores.”

Além do apoio financeiro, o programa pode proporcionar aos atletas uma maior visibilidade pelo trabalho que desenvolvem. De acordo com Lucas Caruso, especialista em marketing esportivo e sócio da Trust Management Sports (TMS), o programa governamental pode ser visto como uma forma de reconhecimento e credibilidade, elevando a imagem do atleta perante o público, patrocinadores e entidades esportivas. “Isso pode abrir portas para oportunidades adicionais, como contratos de patrocínio e convites para eventos importantes”, avalia.

O programa

Para se candidatar ao programa, o atleta deve preencher um formulário de inscrição disponível no site do Ministério do Esporte. Após a notificação do Ministério, o esportista tem um prazo de 30 dias para entregar o Termo de Adesão em qualquer agência da Caixa Econômica Federal, se o atleta ainda não for cliente Caixa, ele deverá abrir uma conta para o crédito mensal do benefício. Os atletas menores de 18 anos devem ser representados por seus responsáveis legais.

A Bolsa Atleta é distinguida por categorias. Os valores são diferentes para cada atleta. Dessa forma, é necessário verificar a categoria mais adequada conforme os pré-requisitos, por exemplo, de quantos campeonatos participou.

Assim, o atleta pode fazer a inscrição da maneira mais correta e terá maior chance de conseguir o benefício. As bolsas são distribuídas de acordo com alguns critérios técnicos e com a disponibilidade de recursos financeiros.

Valor


Em 2012, amparados pela Lei 12.395/11, os contemplados com o programa Bolsa-Atleta passaram a ter direito de contar com outros patrocínios pessoais. Com isso, os atletas ampliaram as fontes de recursos para suas atividades e passaram a ter mais estrutura para os treinamentos e custeio de despesas.


Os atletas podem receber apoio financeiro de diferentes fontes, como bolsas nacionais, estaduais e municipais, desde que atendam aos critérios estabelecidos. O professor e advogado Aarão Ghidoni do Prado Miranda explica que existem regras a serem seguidas pelos competidores olímpicos com relação aos patrocínios e que devem estar cientes das regulamentações relacionadas à publicidade de marcas que não são patrocinadoras dos Jogos Olímpicos envolvendo os atletas.


“São comuns cláusulas de exclusividades de patrocinadores por categorias, para evitar os atritos das marcas ou as incompatibilidades do marketing. Cláusulas que proíbem a associação da imagem a produtos e situações que possam trazer danos à imagem dos contratantes, inclusive em mídias sociais, são frequentemente utilizadas.”

Aarão Ghidoni do Prado Miranda


Além da Bolsa Atleta Federal, há ainda alguns estados e municípios que também tem seus
próprios projetos de incentivos ao esporte, seguindo um modelo similar ao federal e
autônomo, podendo, em alguns casos, o atleta ser beneficiário de mais de um projeto de
incentivo.


Valores

Para alguns esportistas, os valores da bolsa atleta podem deixar a desejar. Segundo os atletas de base brasilienses Natália Ramos, de 17 anos e Henrique Alencar, de 16 anos, o valor poderia ser maior pois eles se mantêm financeiramente pelo valor significativo.

“Um ‘aumentozinho’, porque tem bolsa que é muito barata e, tipo, a gente compra um suplemento e já não tem mais o que fazer durante o resto do mês, porque tem tênis e um monte de coisa”, explica Henrique. Hoje, eles recebem mensalmente R$ 370 pelo programa.

Para Henrique, a Bolsa Atleta representa uma motivação para continuar correndo atrás do sonho de conquistar a medalha olímpica, e diz que o programa é muito importante por ser o seu sustento. “No meu caso acho muito importante porque é o que me sustenta. É o que faz eu estar aqui, a bolsa-atleta, que é um salário. Para você ficar renovando todo o ano é um motivo a mais”.

Henrique Alencar (Foto: Pedro José Santana)

Natália Ramos afirma ainda que a “bolsa é muito boa”, mas concorda com o colega de
equipe Henrique que deveria ser um valor maior.

A jovem, que também sonha em ganhar uma medalha olímpica, diz que a bolsa-atleta a ajudou muito e o programa é uma motivação para que novos talentos esportistas continuem a lutar pelo sonho.

“A Bolsa Atleta me ajuda muito. Como para comprar suplementos, sapatilha também. Antes eu, geralmente, tinha muita dificuldade quando eu não recebia a bolsa atleta e tinha que ficar dependendo dos meus pais por conta disso. Hoje em dia eu não tenho dificuldade.”

Natália Ramos (Foto: Pedro José Santana)

Professora e pesquisadora da área de negócios, Selma Felerico, da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo, afirma que um dos critérios prioritários do programa é a estabilidade e foco. “A segurança financeira proporcionada pela bolsa-atleta permite que os atletas se concentrem mais no treinamento e na competição, sem a preocupação constante de buscar outras fontes de renda”.

Ela também ressalta que, com melhores condições de treinamentos, os atletas tendem a ter um desempenho superior em competições. “Isso pode resultar em medalhas e conquistas significativas”.


“A Bolsa Atleta desempenha um papel crucial não apenas no desenvolvimento esportivo imediato dos atletas, mas também na construção de suas carreiras a longo prazo e na ampliação de sua visibilidade e impacto social”, diz Selma Felerico

Leia reportagem especial sobre Caio Bonfim

Leia mais

Por Danyelle Silva, Henrique Sucena, Isabela Domanico, Mayara Mendes, Pedro Santana e
Rodrigo Fontão

Sob supervisão de Monica Prado e Luiz Claudio Ferreira

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